Collor abusa da ironia e usa CPI para destilar veneno contra a revista Veja e Roberto Gurgel

Brincadeira de mau gosto – Entre os tantos nauseantes capítulos que a CPI do Cachoeira tem despejado sobre a sociedade, um dos piores aconteceu na terça-feira (12), durante o depoimento do tucano Marconi Perillo. Inscrito para inquirir o governador de Goiás, o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello (AL) usou seu tempo para dar lições de moral, contidas nos ataques contra a revista Veja e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Primeiro presidente a sofrer um processo de impeachment no País, Collor acusou a Editora Abril, que edita a revista Veja, de organização criminosa, não sem antes dispensar o mesmo adjetivo a Roberto Gurgel, a quem acusou de usar os processos como moeda de troca. Sempre exalando sua conhecida fúria, o que não mais intimida quem quer que seja, Fernando Collor foi responsável por um esquema de corrupção que teve como timoneiro Paulo César Farias, o PC, tesoureiro da campanha que levou o agora senador à Presidência da República.

Collor precisa compreender que a CPI não pode ser utilizada para destilar suas mágoas e promover ataques contra desafetos pretéritos, pois trata-se de um mecanismo parlamentar de investigação custeado com o suado dinheiro do contribuinte. Se a revista Veja, por ocasião dos escândalos, teve a coragem de publicar em um ano vinte edições dedicadas ao tema, cabe a Collor fazer uma avaliação da verdade, mas jamais tentar revidar após duas décadas do ocorrido.

Ademais, o fato de o escândalo de corrupção daquela época ter sido pequeno se comparado com os atuais não faz de Fernando Collor de Mello um paladino da moralidade. O ex-presidente ainda não se deu conta da sua insignificância, algo com que deveria se dar por satisfeito.