Após anúncio de ajuda à Espanha, Itália é o novo alvo dos mercados

Efeito cascata – Anteriormente centro das atenções do mercado financeiro, a Espanha foi substituída pela Itália, após pedir um empréstimo bilionário à zona do euro. Os sinais de que os italianos são a bola da vez foram sentidos nas bolsas de valores e depois de declarações de membros da zona do euro nessa semana.

A ministra das Finanças da Áustria afirmou que a Itália, terceira economia do bloco, pode precisar de um pacote financeiro devido aos altos custos de empréstimo. “A Itália tem que dar um jeito de sair do dilema econômico de déficits e dívida altos, mas é claro que pode ser que – dadas as altas taxas que paga para se refinanciar nos mercados – também precise de ajuda”, disse Fekter na segunda-feira (11/06) à noite.

Os fundos de resgate da zona do euro, já envolvidos com Grécia, Portugal, Irlanda e agora a Espanha, podem ser insuficientes para lidar também com a Itália, completou Fekter na entrevista. Ela tentou minimizar as próprias declarações depois, afirmando que não havia indicações de que a Itália planejava pedir ajuda.

O Tesouro italiano recusou-se a comentar as declarações de Fekter. Ontem, um dia após o pedido de empréstimo da Espanha, os rendimentos dos títulos italianos e espanhóis de 10 anos subiram para mais de 6%, uma vez que o acordo de ajuda aos bancos espanhóis não aliviou a pressão dos investidores sobre a capacidade de Madri de se financiar.

Humor do mercado

A princípio, o mercado felicitou o plano, mas, de acordo com a agência Reuters, os investidores se perguntam agora sobre as condições do mesmo. “Essa dúvida quanto às condições explicam a alta das taxas”, disse Frédérik Ducrozet, economista do Crédit Agricole CIB. “Muitos detalhes do plano são ainda desconhecidos, principalmente quanto ao montante e a taxa de juros a ser paga por ele”, completou. Segundo um porta-voz da Comissão Europeia, juros de 3% ou 4% seriam razoáveis.

Nesta terça-feira (12/06), o euro caiu durante a sessão do mercado asiático, dando sequência ao movimento de segunda-feira, acentuado após a agência de classificação de risco Fitch rebaixar os ratings dos dois maiores bancos da Espanha: Santander e BBVA. Após a abertura da sessão na Europa, no entanto, o euro se recuperou e passou a operar acima de US$ 1,25, com operadores destacando compras da moeda pelo Oriente Médio e a exaustão das apostas negativas.

“O foco está lentamente se voltando para a Itália”, comentou Simon Derrick, analista do BNY Mellon, em nota a clientes. “O yield (retorno ao investidor) dos bônus italianos de dez anos está apenas 8 pontos-base abaixo do nível em que estava o yield dos bônus espanhóis de dez anos na quinta-feira”, acrescentou.

Espanha

Após duas horas e meia de negociações, os ministros das Finanças do chamado Eurogrupo aprovaram neste domingo (09/06) o pacote de resgate para a Espanha no valor de até 100 bilhões de euros, um dos maiores da história. O governo espanhol anunciou que precisará recorrer ao plano, mas ainda definirá o valor necessário para capitalizar seus bancos, que no momento passam por uma auditoria externa.

A aprovação do plano de resgate se deu sem a imposição de novas exigências sobre a política econômica da Espanha. Apenas os bancos terão supervisão do FMI (Fundo Monetário Internacional), que fiscalizará e receitará alterações em sua gestão.

Atualmente, a Espanha vive uma grave crise econômica, com desemprego galopante (acima dos 20% da população) e aumento da pobreza. (Do Opera Mundi)