Chumbo trocado – A CPI do Cachoeira aprovou nesta quinta-feira (14) a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático dos governadores Agnelo Queiroz (DF) e Marconi Perillo (GO) nos últimos dez anos. Ambos são citados nas investigações sobre as atividades ilegais do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso desde 29 de fevereiro na esteira da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
Agnelo e Perillo, nesta ordem, ofereceram seus respectivos sigilos à CPI, mas o período em que os dados seriam analisados era de cinco anos. Com a disposição dos dois governadores, a CPI aprovou por unanimidade os requerimentos de autoria do relator da Comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG). Ambos foram ouvidos na condição de testemunhas, o que não exige a liberação dos sigilos.
O presidente da Comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), recusou um requerimento do PSDB – assinado pelos deputados Carlos Sampaio, Fernando Francischini, Domingos Sávio e Vanderlei Macris – para que a presidente Dilma Rousseff comparecesse como testemunha. O senador José Pimentel (PT-CE) solicitou que o requerimento fosse colocado em votação para sua imediata derrubada. “Rejeito liminarmente”, afirmou Vital do Rêgo, sob o argumento de que a Constituição Federal não permite a convocação da presidente.
Momentos antes, o deputado Silvio Costa (PTB-PE), integrante da chamada base aliada, tão logo tomou conhecimento do tal requerimento pediu que o documento fosse desconsiderado. “A CPI não pode convocar presidente do Supremo [Tribunal Federal] nem da República. Gostaria que o senhor considerasse esse requerimento natimorto”, afirmou Costa.
A ideia de ouvir a presidente Dilma Rousseff surgiu durante o depoimento de Marconi Perillo, na terça-feira (12), quando o relator disse aos seus pares que o governador goiano era inquirido na condição de investigado. Situações como esta confirmam a tese de que a CPI se transformou em uma guerrilha político-partidária, financiada com o suado dinheiro do contribuinte, apenas porque o ex-presidente Luiz Inácio da Silva planejava esvaziar o julgamento do mensalão e fustigar o governador de Goiás, seu conhecido e antigo desafeto.