FMI cai na esparrela do governo e aposta no crescimento da economia brasileira a partir do consumo

Falta peça – Assim como religião, teoria econômica cada um tem a sua. Religião não se discute, pois o empirismo do tema suscita animosidades quando a fé está na ribalta, mas economia é algo que não tem como fugir à realidade dos números. A presidente Dilma Rousseff, que não sabe camuflar a incompetência do próprio governo, disse, há dias, que a grandeza de uma nação não pode ser medida pela pujança de sua economia. Conversa fiada da pior qualidade, pois as autoridades econômicas do governo continuam tentando reverter o fiasco.

Prévia da inflação oficial do País, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) ficou em 0,33% em junho, taxa que é quase o dobro da registrada (0,18%) no mês anterior, informou o IBGE nesta sexta-feira (20).

De acordo com o órgão, entre os meses de janeiro e julho o índice cresceu 2,91%, situando-se abaixo do IPCA-15 do mesmo período de 2011, 4,2%. No acumulado dos últimos doze meses, o índice ficou em 5,24%, além da inflação medida nos doze meses anteriores (5%).

A queda da inflação no acumulado do ano caiu em relação a 2011 porque os brasileiros estão mais cautelosos diante das compras. A disparada da inadimplência e o endividamento recorde das famílias tirou boa parte dos consumidores do mercado.

Enquanto prefere não enxergar a realidade, o Palácio do Planalto comemora os dados de um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), que aposta no crescimento da economia brasileira no segundo semestre, na casa de 4%, o que, segundo a entidade, será possível por causa do aquecimento da demanda interna. E o Banco Central, cuja aludida independência passa obrigatoriamente pela cartilha palaciana, também comemora.

Como se percebe, os especialistas do FMI, que visitaram o Brasil antes da feitura do mencionado relatório, também caíram na mesma armadilha que pegou os incautos brasileiros. Decidido a reverte a crise econômica, que afetará as campanhas dos aliados que disputarão as próximas eleições, o governo não se importa com a possibilidade de, mais uma vez, empurrar a sociedade rumo ao consumo desnecessário e descontrolado. Diante desses soberbos senhores de nada adianta falar sobre inadimplência e endividamento, uma vez que o importante é manter a credibilidade de um projeto de poder totalitarista e mentiroso.

A aposta no crescimento econômico a partir do consumo se desfaz quando analisados os números da indústria para o presente ano. O setor produtivo está cada vez mais desanimando, além da preocupação com o sério processo de desindustrialização que afeta o Brasil, tema que desde 2005 tem merecido seguidos alertas do ucho.info. Ora, se a economia se apoiará na demanda interna e a indústria está pessimista, não é errado pensar que felizes serão aqueles que exportam para o Brasil.

Em outro vértice da questão, temerária é a afirmação sobre a reviravolta da economia verde-loura no segundo semestre. Esse tipo de movimento só é possível quando a aludida massa de consumo tem poder de compra, o que não é a nossa realidade. Como se não bastassem os temas aqui abordados – inadimplência e endividamento –, dois terços da população brasileira economicamente ativa, segundo o IBGE, recebe menos de dois salários mínimos por mês. Como apostar em consumo diante de um quadro como esse sem se aliar com a irresponsabilidade? Com a palavra, a presidente Dilma Rousseff e seus milagrosos ministros, pois a profecia do FMI não passa do popular “tapar o sol com a peneira”.