Operadoras de celular ignoram sanção da Anatel e usam prepostos para vender novas linhas

Drible do chip – Reuniões e mais reuniões. Propostas que vão e voltam. Nada resolvido, tudo prometido. Eis o resultado momentâneo da sanção imposta pela Anatel a três operadoras de telefonia celular (TIM, Oi e Claro), que estão proibidas de vender chips com novas linhas. Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo da Silva disse, na terça-feira (24), que a proibição deve terminar em no máximo quinze dias. Uma declaração estranha, pois até lá não será solucionado o problema que afeta milhões de usuários de telefone celular em todo o País.

A estranheza que recobre a declaração do ministro tem suas explicações. O presidente da Anatel, João Bastista de Rezende, petista de quadro costado, chegou ao cargo por indicação de Paulo Bernardo, a quem serviu como chefe de gabinete no Ministério do Planejamento. Paranaense como o ex-chefe, ocupou alguns cargos na prefeitura de Londrina também por indicação de Paulo Bernardo. Outro detalhe que não pode ser desconsiderado é que o Brasil está às vésperas das eleições municipais e empresas de grande porte sempre estão dispostas a doações de campanha, principalmente quando surge no caminho uma dificuldade inesperada.

Enquanto os discursos oficiais flanam pelo Brasil, sem despertar a atenção dos cidadãos, as operadoras de telefonia celular continuam zombando das determinações da Anatel. Dias antes de entrar em vigor a proibição imposta pela Anatel, as operadoras adotaram uma estratégia de marketing de guerrilha, como forma de garantir o faturamento durante a suspensão das vendas. Nos últimos três dias, as empresas reforçaram a força de vendas e passaram a oferecer, por e-mail e telemarketing, linhas de telefone celular, como se nada impedisse a venda.

A ousadia das empresas, à sombra da determinação da Anatel, mostra que por trás desse entrevero há algo muito maior e mais complexo do que podem imaginar os brasileiros, que da noite para o dia passaram a consumir a ideia de que o governo federal é vigilante e se preocupa com o direito do consumidor. É preciso que esse desrespeito à determinação da Anatel seja interrompido, sob pena de os consumidores serem ainda mais prejudicados.