João Paulo contesta Joaquim Barbosa, mas relatório do gaúcho Cezar Schirmer não deixa dúvidas

Túnel do tempo – Único acusado de envolvimento no escândalo do Mensalão do PT a participar das eleições municipais deste ano, o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), sonha em levar para a prefeitura de Osasco, cidade da região metropolitana de São Paulo, a experiência que acumulou durante o nefasto convívio com Marcos Valério Fernandes de Souza, operador financeiro do esquema de cooptação de parlamentares comandado pelo Palácio do Planalto.

Em seu voto, o ministro-relator Joaquim Barbosa condenou o petista por corrupção passiva, entre outros crimes, em decorrência de contrato firmado pela Câmara dos Deputados com a SMP&B, agência de publicidade de Marcos Valério, e que permitiu o desvio de recursos da Casa legislativa. À época dos fatos, João Paulo Cunha era presidente da Câmara dos Deputados.

Criminalista conhecido, o advogado Alberto Zacharias Toron contesta a sentença do ministro do STF, mas é preciso destacar o brilhante trabalho do então deputado federal Cezar Schirmer (PMDB-RS), atual prefeito da cidade de Santa Maria, que desmonta qualquer palavrório oportunista e contrário aos fatos.

Relator do caso de João Paulo Cunha no Conselho de Ética da Câmara, o gaúcho Cezar Schirmer produziu um relatório impecável do ponto de vista jurídico, rejeitado no plenário da Casa por conta do conchavo espúrio patrocinado pelo então presidente Lula. Absolutamente inquestionável em termos de provas, o relatório de Cezar Schirmer apontou com destaque um café da manhã oferecido pelo deputado petista a Marcos Valério, na residência oficial da presidência da Câmara.

Ao ler o seu relatório e defender a cassação do mandato do petista, Cezar Schirmer foi taxativo: “De todos os processos analisados pelo conselho até agora, a materialidade do fato atribuída ao representado é a mais indiscutível, incontroversa, incontestável e indubitavelmente comprada”. “Ao receber presentes e visitas inusitadas, o representado colocou seu interesse pessoal à frente do interesse público”, completou o então relator.

Como sempre acontece quando um integrante do PT está berlinda, Schirmer foi acusado de mentir sobre os fatos, mas quem acompanhou de perto o caso sabe da lisura e do profissionalismo que marcaram a atuação do atual prefeito de Santa Maria. Ao rebater as acusações de João Paulo Cunha, o peemedebista gaúcho mostrou que agiu de forma cavalheiresca e sem revanchismo de qualquer natureza. “Eu poderia ter convocado a esposa do acusado, mas não o fiz em respeito à sua família, à sua condição de pai”, afirmou Schirmer, ao fazer referência a Márcia Regina Milanésia da Cunha, esposa do petista.

Na primeira desculpa que apresentou para justificar seu envolvimento no escândalo do Mensalão do PT, João Paulo Cunha disse que sua mulher fora à agência do Banco Rural, em Brasília, para pagar boletos de cobrança de empresa de televisão a cabo. Cezar Schirmer, em seu relatório, afirmou que Márcia Milanésia foi ao Banco Rural fora do expediente bancário e para receber R$ 50 mil, dinheiro que saiu da conta da SMP&B por meio de um simples recibo.