Contrária à politização da religião, Arquidiocese de SP promove debate com candidatos à prefeitura

Coerência zero – Nos últimos dias, a politização da religião ocupou as discussões político-eleitorais em todo o País. O estopim para que o assunto entrasse de vez nos poucos dias que antecedem as eleições municipais foi o vínculo de Celso Russomanno, candidato do PRB à prefeitura de São Paulo, com a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). O tema ganhou força extra quando a Igreja Católica, que nos bastidores vive às turras com o bispo Edir Macedo, resolveu entrar na briga.

Arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer esquentou ainda mais a polêmica ao condenar o que classificou como “manipulação e instrumentalização da religião”. Na sequência, Scherer atacou o chefe da campanha de Russomanno, o bispo Marcos Pereira, presidente nacional do PRB, que em artigo publicado em 2011 acusou a Igreja Católica ter vínculos com o polêmico kit gay, inventado por Fernando Haddad e sepultado pelo Palácio do Planalto.

Celso Russomanno continua afirmando que é católico, que a IURD nada tem a ver com sua campanha e que é receptivo a todas as religiões, mas até agora o candidato do PRB não se deixou fotografar em um culto afro, da umbanda, por exemplo. E só não o faz porque perderia boa parte dos votos dos evangélicos.

Deixando essa polêmica de lado, a Arquidiocese de São Paulo, que tanto critica a politização da religião, afirmando que Russomanno é uma ameaça à democracia, não deveria se prestar ao papel de promotora de um debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo, do qual o candidato do PRB não participará. Pode parecer estranho, mas o evento acontecerá na tarde desta quinta-feira (20), na capital dos paulistas.

Russsomanno, que tanto se esforça para escapar das críticas da Igreja Católica, deveria ir ao encontro, mesmo depois de ter negado o seu pedido de um encontro com dom Odilo Scherer. Seria uma oportunidade de o candidato esclarecer de vez a polêmica e colocar os eclesiásticos do catolicismo nacional, pois o Estado é laico, ao mesmo tempo em que os tentáculos de Edir Macedo não são recobertos de inocência.

Nesse cabo de guerra entre bispos católicos e pentecostais há muita sujeira passando pro debaixo da ponte. De um lado há os conhecidos escândalos do Vaticano, a começar pelo sempre suspeito Banco Ambrosiano, de outro, os imbróglios recorrentes envolvendo Edir Macedo e sua milionária IURD. Ao final, para o desespero do eleitorado, alcançará a prefeitura paulistana alguém com vocações luciferianas, como sempre.