Depois de comandar o maior escândalo de corrupção de País, José Dirceu quer posar de bom moço

Face lenhosa – A cena que José Dirceu de Oliveira e Silva, condenado a dez anos e dez meses de prisão pelo STF no processo do Mensalão, vem produzindo não passa da primeira etapa do espetáculo comovente que ele próprio transformará sua prisão.

Em seu blog, logo após o veredicto dos ministros do Supremo, José Dirceu afirmou: “Não me calarei e não me conformo com a injusta sentença que me foi imposta.” “Vou lutar mesmo cumprindo pena. Devo isso a todos que acreditaram e ao meu lado lutaram nos últimos 45 anos, me apoiaram e foram solidários”, escreveu o agora condenado à prisão José Dirceu. Essas palavras de ordem e carregam doses de comoção dão antecipadamente o tom do projeto megalômano de Dirceu, que ser imolado na prisão como um injustiçado.

O advogado do ex-ministro, José Luís de Oliveira Lima, conhecido na intimidade como Juca, avisou que aguardará a publicação dos acórdãos para decidir quais recursos serão apresentados. Como o STF é a última instância da Justiça brasileira, no caso dos condenados no processo do Mensalão do PT apenas dois tipos de recursos são possíveis: embargos infringentes e embargos de declaração.

“A pena de 10 anos e 10 meses que a suprema corte me impôs só agrava a ignomínia de todo esse processo”, completou José Dirceu, o outrora Pedro Caroço, Daniel ou Carlos Henrique Gouveia de Mello.

A defesa de Dirceu continuará sustentando a tese de que o STF deixou de examinar as provas colhidas no decorrer dos processos, que para o Oliveira Lima inocentam Dirceu. Ao contrário do que afirma o advogado de José Dirceu, há no processo uma enxurrada de provas contra o ex-ministro. Acontece que para a soberba dos petistas qualquer condenação, por mais juta e necessária que seja, é um atentado contra o grupo de magnânimos.

Na vida, como sempre destaca o ucho.info, o melhor é manter a coerência, algo que na seara da política é a mais desafiadora das tarefas. Por ocasião do escândalo que ficou nacionalmente como “Anões do Orçamento”, José Dirceu ocupou a tribuna da Câmara dos Deputados para defender a cassação do mandato parlamentar do pernambucano Ricardo Fiúza (PFL), alegando que para tal bastavam apenas evidência, não provas.

Quando o processo de cassação do mandato de José Dirceu foi para votação no plenário da Câmara, coube ao ucho.info lembrar aos parlamentares da pretérita declaração da então eminência parda do Palácio do Planalto no primeiro governo de Lula da Silva. Foi quando o deputado saudoso federal Nelson Trad (PMDB-MT) leu em plenário a nossa reportagem, cuja ênfase da leitura funcionou com derradeira pá de cal para o fim de José Dirceu.

Ou seja, quem defende a cassação de um parlamentar com base apenas em indícios, não há razão para reclamara de uma condenação embasada em provas de sobra. Mas o brasileiro que se prepare, pois espetáculo a ser protagonizado por José Dirceu será no mínimo acintoso.