O zum-zum é que tá faltando um

(*) Carlos Brickmann –

Corrupção, investigações, a mulher que sabia demais (e não era Doris Day cantando Que será, será, tendo como galã James Stewart), as fofocas do quem comeu quem, tudo isso é muito chato. Música é melhor. Aqui, por exemplo, levemente atualizado, um clássico popular: Zum-zum, de Paulinho Soledade e Fernando Lobo, com Dalva de Oliveira, sucesso de 1950. Parece coisa de hoje!

“Oi, zum, zum, zum, zum, zum, zum, zum / Tá faltando um!
“oi, zum, zum, zum, zum, zum, zum, zum / Tá faltando um!
“Bateu asas, foi embora, não apareceu
“Nós vamos cair sem ele, foi a ordem que ele deu (bis)
“Ele que era o porta-estandarte / e que fazia alaúza e zum-zum
“Hoje o bloco está mais triste sem ele / Tá faltando um!
“Oi, zum, zum……(…)”

Está faltando um. Na hora em que a turma se expõe e cai na boca das ruas, o porta-estandarte se inclui fora dessa e manda o bloco se virar sem ele. Agora como antes, o bloco lamenta a ausência do chefe, que escapou desta para melhor.

A letra e a música são atualíssimas, mas alguma coisa mudou nos últimos 60 anos. “Zum-zum” é uma homenagem ao Comandante Edu, Carlos Eduardo de Oliveira, morto quando o Constellation da Panair que pilotava explodiu perto de Porto Alegre, em 28 de julho de 1950. Morreu trabalhando. Outras coisas não mudaram.

O Comandante Edu era fundador do Clube dos Cafajestes.

Link da gravação com Dalva de Oliveira

Alô, alô, quem fala?

Da coluna de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo: “Na tentativa, até agora infrutífera, de falar com Lula, Rosemary {Noronha} dizia que queria dar a ele ‘explicações’. Até o fim de semana, o ex-presidente evitava atendê-la”.

Os sábios

Muita gente fala mal do ex-presidente Lula, achando-o pouco instruído. Mas Lula partilha a sabedoria de Sócrates, o filósofo grego: “Só sei que nada sei”.

A coincidência

Sócrates, como Lula, não nos legou obra escrita. Mas teve grandes admiradores, que muito o citaram, muito o glorificaram, e ainda escreveram por ele.

Perto de uma, longe de outra

Lula se encontra por estes dias com a presidente Dilma Rousseff, em Paris, num seminário sobre Desenvolvimento Econômico e Combate à Crise. Com eles, estará também o presidente francês François Hollande.

A noite tudo encobre

O tempo passa e tudo se torna claro, menos as regiões de apagão. Há uma boa pista do motivo que levou aos apagões deste segundo semestre, em boa parte do país e por longos períodos: a Eletrobrás, controladora de 19 empresas de energia elétrica, investiu neste ano menos da metade do previsto em orçamento: 41,2%. Uma de suas empresas, a Eletronorte (que, por problemas técnicos, manteve seis Estados do Nordeste sem eletricidade, em setembro), investiu ainda menos: 38,2% do previsto. Furnas, uma das maiores produtoras do país, investiu um pouco mais – 57% do orçamento.

Sem investimento, os clientes ficam no escuro.

Lamparinas!

A Eletrobrás garante que o ritmo dos investimentos nada tem a ver com os apagões. É fantástica essa explicação: se os investimentos previstos não são necessários, por que foram previstos? O professor Roberto Piscitelli, do Conselho Federal de Economia, acha que as coisas são ainda piores do que parecem: “Há obras gigantescas, muito contestadas, mal planejadas”. Ou seja, mesmo o que é investido não dá os resultados que poderiam ser atingidos.

No capricho

Paulo Skaf, presidente da Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, é um novo personagem político a ser levado em conta. Skaf está no PMDB, partido forte e com boa implantação em todo o Estado, comanda uma entidade poderosa (ou melhor, um grupo de entidades: Fiesp, Sesi, Senai) e está com postura totalmente reformulada na TV – provavelmente é efeito do trabalho de Duda Mendonça, que já está há algum tempo a seu lado. O sonho atual de Skaf é chegar ao Governo paulista; este sonho ganhou força com o mau desempenho de Gabriel Chalita, seu rival interno no PMDB, na luta pela Prefeitura paulistana.

Falta muito tempo para a eleição, mas vale prestar atenção em Skaf.

A hora do vale-tudo

Fazer oposição ao Governo Federal parece ao PCdoB, Partido Comunista do Brasil, um pecado tão mortal quanto duvidar que a Albânia, como dizia o partido, era o Farol do Mundo. Vale tudo: o portal Vermelho, do PCdoB, acusou o senador Aécio Neves, do PSDB mineiro, possível candidato oposicionista à Presidência, de interromper o luto pela morte de seu pai, o ex-deputado Aécio Cunha, para participar de uma reunião política. É verdade que Aécio Neves participou de uma reunião política; é verdade que seu pai morreu. Só que seu pai morreu em 2010.

Nem o luto do PCdoB pela morte de Mao Tsé-tung durou tanto.

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.