Vítima da incompetência do poder público, menina baleada na cabeça, no Rio, tem morte cerebral

Dois pesos – Em março de 2005, Luiz Inácio da Silva, em mais uma de suas muitas jogadas políticas rasteiras, decidiu intervir nos hospitais públicos da cidade do Rio de Janeiro. À época, o prefeito era César Maia, membro da oposição e ácido crítico do governo do PT.

Três meses depois da intervenção federal nos hospitais públicos do Rio de Janeiro, Dilma Rousseff assumiu a chefia da Casa Civil, em substituição ao companheiro José Dirceu, condenado à prisão pelo STF na Ação Penal 470.

Um ano depois, em meados de 2006, Lula afirmou que a saúde pública no Brasil estava a um passo da perfeição, o que continua sendo uma colossal inverdade. Como o fiasco em que se transformou a saúde pública brasileira é internacionalmente conhecido, Lula admitiu que tudo não passou de uma necessária mentira de campanha pela reeleição. Mesmo assim, Dilma manteve-se calada diante da leviandade discursiva do companheiro, o que para muitos é sinal de consentimento.

Depois de ser duramente criticado por Eduardo Paes na CPI dos Correios, que desvendou parte das entranhas do Mensalão do PT, Lula fingiu que não se lembrava dos ataques e, em 2008, apoiou a candidatura do agora reeleito prefeito do Rio de Janeiro, cujo padrinho político nessa empreitada é o governador Sérgio Cabral Filho, um incompetente renomado. Em 2012, Lula repetiu o gesto e apoiou Paes.

Na recente noite de Natal, a menina Adrielly dos Santos, de 10 anos, foi atingida na cabeça por uma bala perdida em um subúrbio da capital fluminense. Levada ao Hospital Salgado Filho, que é de responsabilidade do município, Adrielly esperou oito horas por uma cirurgia, pois não havia no local um neurocirurgião. Transferida para o Hospital Souza Aguiar, Adrielly dos Santos teve morte cerebral confirmada pelos médicos.

A vida de um ser humano não pode ser avaliada financeiramente, mesmo que a Justiça assim o faça para a devida indenização em caso de existirem culpados, mas em um país minimamente sério e com governantes responsáveis, o prefeito Eduardo Paes e seu secretário da Saúde já estariam com os bens indisponíveis, quiçá não tivessem de passar a virada do ano atrás das grades. O mesmo deveria ser aplicado ao governador Sérgio Cabral, responsável maior pela segurança pública do Rio de Janeiro, que é falha, como em muitos estados brasileiros, e permitiu que uma bala perdida alvejasse Adrielly, que por ser de origem humilde apenas engrossará as estatísticas.

Até agora, Eduardo Paes, prefeito da segunda mais importante cidade do País, não se pronunciou sobre o fato, até porque deve estar ocupado com a finalização dos detalhes do réveillon em Copacabana. E quando o fizer se limitará a dizer que lamenta.