Disputa pelo governo de São Paulo começa dois anos antes e já aciona a máquina de escambo político

Contagem regressiva – Estivesse vivo e vivendo no Brasil, o imperador Julio César, que aqui enfrentaria a concorrência de Lula, já teria repetido a célebre frase que a história lhe credita, “Alea jacta est”, traduzindo do latim, “a sorte está lançada”, proferida às margens do Rio Rubicão.

Desta vez, Julio César pronunciaria a frase à porta do Palácio dos Bandeirantes, pois a corrida ao governo paulista começou com quase dois anos de antecedência. Muito antes de arrumar as gavetas da mesa que ocupava na prefeitura de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD) se atirou nos colos do PT. Tentou isso antes, mas por questões de falsa fidelidade declarou apoio a José Serra na recente eleição municipal.

Kassab, que sonha em concorrer ao governo paulista com o apoio do PT, tem reforçado o flerte com a presidente Dilma Rousseff, que pode dar ao PSD um ministério na reforma que deve acontecer em fevereiro. Se isso se confirmar, o cenário sofrerá uma inversão de mão e Gilberto Kassab terá de apoiar um candidato petista na disputa contra o tucano Geraldo Alckmin.

Ciente de que até agora nenhuma sinalização foi emitida pelo Palácio do Planalto, Alckmin tenta sair na frente, atraindo Kassab e o PSD, partido do vice-governador Guilherme Afif. Diante desse emaranhando político, no páreo por uma cadeira na Esplanada dos Ministérios estão a senadora Kátia Abreu (TO), que já teve suas desavenças com Gilberto Kassab, e o próprio Afif. O que seria um golpe de mestre do PT se o seu nome fosse confirmado. Acontece que Kassab também pode ser convidado por Dilma a ocupar um ministério. Contra ele pesam o fato de ser presidente nacional do PSD – o que o obrigaria a se licenciar do cargo – e a péssima avaliação que teve como prefeito da maior cidade brasileira.

No momento da decisão, a presidente Dilma Rousseff levará em conta o número de parlamentares que cada um dos cotados controla efetivamente no Congresso Nacional. Independentemente de vir a ocupar um ministério, Kassab tem interesse em uma maior aproximação com o PT, o que evitaria que a incompetência que marcou sua gestão na prefeitura paulistana seja propagandeada pela equipe do petista Fernando Haddad e inviabilize o crescimento do PSD.

No contraponto, o governador Geraldo Alckmin terá de oferecer uma moeda de troca à altura, caso queira ter o PSD como aliado não apenas na Assembleia Legislativa, mas na tentativa de reeleição. Ou seja, balcão de trocas deve começar nos próximos dias.