Refém da base aliada, Dilma Rousseff pode entregar articulação política do governo ao PMDB

Pela culatra – Percebendo que está na iminência de tornar-se refém do PMDB, a presidente Dilma Rousseff assiste o PT operar nos bastidores dos ataques aos candidatos indicados pelo partido aliado para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O mais atingido nessa guerra é o deputado Henrique Eduardo Alves, do PMDB potiguar, que vem sendo alvo de seguidas acusações. Os ataques inicialmente foram classificados como fogo amigo, pois há outros dois peemedebistas na disputa pela presidência da Câmara, mas por trás da operação está o PT, que busca enfraquecer o principal partido da base aliada.

Como explicou o ucho.info em matéria publicada na edição de quarta-feira (14), com a eleição de Henrique Alves e Renan Calheiros para as presidências da Câmara e do Senado, respectivamente, os três substitutos imediatos de Dilma Rousseff no poder serão do PMDB: Michel Temer, o vice, Henrique Alves e Renan Calheiros. Para piorar o cenário, a liderança do PMDB na Câmara deve ser comandada pelo deputado Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro. Em outras palavras, Dilma está prestes a enfrentar um xeque-mate, uma sinuca de bico.

Considerando que a minirreforma ministerial de fevereiro será realizada para cumprir alguns compromissos de campanha, acomodando aliados na Esplanada dos Ministérios, Dilma pode colocar a ministra Ideli Salvatti na fila da degola e entregara a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, responsável pela articulação política do governo, ao PMDB. Tudo no melhor estilo “quem pariu Mateus que o embale”.

Fato é que qualquer neófito em política é melhor que Ideli Salvatti, que pode deixar o governo sem explicar o escândalo das dezenas de lanchas adquiridas pelo Ministério da Pesca, que em passado recente esteve sob seu comando. Se ao entregar a articulação política ao PMDB a presidente pensa em encurralar o partido, Dilma pode estar dando um enorme e dolorido tiro no pé.

A política é um jogo contínuo e o PMDB tem muito mais experiência e tempo nesse tabuleiro. Além de contar com jogadores que são tão frios como crupiês de cassino. Em outras palavras, a roleta política de Dilma pode emperrar em pouco tempo.