Forte retração da produção industrial em dezembro evidencia a fragilidade da economia

Marcha à ré – A indústria registrou forte recuo em dezembro, com recuo de 8,6 pontos. O índice caiu de 49,8 pontos, em novembro, para 41,2 pontos, no último mês do ano, menor valor da série mensal iniciada em janeiro de 2010, de acordo com a pesquisa Sondagem Industrial, que consultou 1.751 empresas de diferentes portes entre os dias 7 e 17 de janeiro.

Com a queda da produção apontada pela pesquisa, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) caiu de 46 para 42,2 pontos na comparação com o mês anterior, abaixo, portanto, da média usual de 50 pontos, o que reverteu os sinais de recuperação que surgiram no trimestre anterior. A CNI atribui parcialmente a queda ao efeito sazonal de fim de ano.

Apesar do fraco desempenho em dezembro, a indústria conseguiu manter seus estoques ajustados ao nível planejado, segundo análise técnica da pesquisa. As expectativas, influenciadas pela sazonalidade, registram melhora na comparação com os meses anteriores, exceto no que se refere às vendas externas.

A CNI acrescenta que a atividade industrial encerra 2012 como iniciou: “debilitada”. Além das retrações na produção e na UCI, o emprego na indústria também recuou, e o conjunto dessas dificuldades traz dúvidas sobre a trajetória de retomada da atividade industrial em 2013.

Uma recuperação intensa e contínua não ocorrerá sem que haja uma elevação no nível de investimento, de acordo com o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco. Contudo, ele acrescentou que a permanência de uma elevada ociosidade, associada a margens de lucro insatisfatórias e à baixa confiança dos empresários, dificulta a retomada do investimento.

Esse cenário já conhecido e confirmado pela pesquisa da CNI mostra que as medidas adotadas pelo governo, ao longo de 2012, para estimular a economia não surtiram efeito. Diferentemente do que alardeiam as autoridades federais e alguns empresários, que mesclam falsa crença com precipitação, a indústria brasileira não reverterá o quadro apenas com a redução da tarifa de energia elétrica. Essa medida é pequena perto do tamanho da crise econômica nacional.

Os palacianos custam a enxergar que o problema da crise não é externo, mas externo, cabendo ao governo fazer as mudanças necessárias e os investimentos que há muito são aguardados no setor de infraestrutura. Apostar no consumo interno como forma de debelar a crise é um equívoco. O consumo ainda está aquecido, há crédito disponível, as taxas de juro caíram, mas a concorrência da indústria internacional está atrapalhando. (Com informações da Agência Brasil)