Baile do adeus – O Plenário da Câmara dos Deputados há muito não servia de palco para uma enxurrada de sandices. Em seu último dia de mandato como presidente da Casa, o que é um alívio para os brasileiros e principalmente para os gaúchos, o petista Marco Maia não se contentou em fazer um balanço da sua gestão, mas cumpriu a cartilha partidária e destilou messianismo barato e ataques desnecessários.
Como sempre acontece quando os petistas não aceitam o contraditório, Marco Maia atacou setores da imprensa, os que não se renderam ao dinheiro imundo das campanhas publicitárias oficiais e levaram à sociedade a realidade dos fatos. Maia falou em repulsa aos questionamentos feitos ao parlamento, como se a Câmara dos Deputados representasse minimamente os interesses do cidadão, como o próprio petista ousou afirmar que faz. Os brasileiros que pensam em doses mínimas já perceberam que o Congresso Nacional é um clube privado de negócios e os que dele participam pensam apenas em seus interesses. Esse discurso malemolente de casa do povo é conversa fiada.
Maia, que endossa o plano totalitarista de pode de seu partido, disse que sua gestão se deu no período em que se comemora 25 anos da retomada da normalidade e da democracia. Falar em normalidade com um parlamento comprado e genuflexo é no mínimo piada de salão. Marco Maia foi um dos pilotos do rolo compressor palaciano, apesar de algumas vezes ter se rebelado por não ter recebido a contrapartida esperada, mas é uma afronta falar em democracia.
Marco Maia, em discurso longo e enfadonho que certamente levaria o companheiro Fidel Castro aos repetidos cochilos, exaltou a aprovação, sob a sua batuta, do vale-cultura, que segundo ele reforça o pleno exercício da cidadania. Já a Ministra da Cultura, Marta Suplicy, quando do lançamento do vale-cultura, disse que o trabalhador pode fazer o que quiser com o dinheiro, inclusive comprar revista de quinta categoria. Ou seja, os petistas insistem no erro de não combinar o discurso com antecedência.
Em discurso escrito possivelmente por terceiros, em que até Montesquieu foi citado e teve o nome pronunciado de forma errada, Marco Maia disse que sua passagem pela presidência da Câmara permitiu a cada um dos integrantes da Casa parlamentar ter orgulho de ser deputado federal. Maia está foram da realidade, pois o Congresso nacional é uma das entidades mais desacreditadas do País, onde seus membros são adeptos do corporativismo e o PT palaciano age como se estivesse no fundo de um quintal.
O pior para esse nosso Brasil, que diariamente vê a esperança sendo corroída, a troca no comando da Câmara dos Deputados, assim como ocorreu no Senado, será a substituição de seis por meia dúzia.