Mantega insiste em tergiversar quando tenta explicar a crise e o futuro da economia brasileira

Fios soltos – Há quem garanta que Guido Mantega foi claro ao falar sobre a economia brasileira na manhã desta sexta-feira (15), em Moscou, onde participa de encontro dos ministros das finanças e presidentes dos Bancos Centrais dos vinte países mais ricos do planeta, mas novamente ele conseguiu violentar a lógica.

Mantega, que para o desespero dos brasileiros deve continuar ministro da Fazenda, disse que a taxa de câmbio não será instrumento para controlar a inflação. Mais uma vez o ministro usou a chamada guerra cambial para justificar o fiasco por que passa a economia nacional, quando o problema maior da crise é interno. “No ano passado, o crescimento do comércio mundial foi pífio e os países se acotovelaram para exportar, mas não conseguiram. Aí todo mundo quer desvalorizar suas moedas para aumentar a competitividade, o que dá origem à guerra cambial”, disse Guido Mantega em entrevista a jornalistas brasileiros.

Para quem não sabe o que fala, até que Mantega se superou em quantidade de palavras, mas manteve a incoerência de sempre. O ministro da Fazenda afirmou que o antídoto para essa situação é incentivar o mercado interno. Ou seja, apostar na sandice de que o consumo interno é a solução mágica para o Brasil nos moldes atuais. Economia não é a ciência dos “achismos”, apesar de o mercado financeiro ter uma conhecida queda pelas especulações.

A fala inicial de Mantega se desmonta quando ele dá razão ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que na última semana externou sua preocupação com a inflação, que fora do centro da meta é um perigo na opinião do responsável pela autoridade monetária brasileira. Concordar com Tombini, o que é lógico, é aceitar que o Banco Central aumente as taxas de juro, uma vez que a taxa de câmbio foi descartada, pelo até a próxima segunda-feira (18), como arma contra a inflação.

A exacerbação da utopia discursiva surgiu, na capital russa, quando Mantega declarou que o câmbio no Brasil está em patamar razoável, que “dá certa competitividade” à indústria nacional. O Brasil enfrenta um sério e preocupante movimento de desindustrialização, que o governo prefere não enxergar. O ucho.info alertou para o problema ainda em 2005, mas a soberba e a aversão à leitura impediram Lula de enxergar o óbvio. Para quem pensa que essa é uma análise equivocada, basta conferir os índices de geração de empregos, liderados com folga pelos setores de comércio e serviços.

Pode-se concluir, então, que mesmo com a desindustrialização a situação econômica do País tende a melhorar. Não, pois as vagas abertas em 2012 foram para empregos de menos de dois salários mínimos, o que confirma dados do IBGE, que apontam dois terços da polução brasileira nessa faixa salarial.

Puxar a inflação para o centro da meta usando a alta das taxas de juro como estratégia significa minimizar o consumo, o que anula o antídoto anunciado por Mantega. Abandonar a taxa de câmbio como instrumento de combate à inflação, nesse momento, é irresponsabilidade. Isso deveria ter sido feito muito antes, mas o consumismo incensado por Lula não permitiu.

A situação complica-se ainda mais quando considerado fato de que a inadimplência registrou alta de 12,9% em 2012. Mesmo com a economia em crise, o governo arrecada muito em tributos, mas investe pouco e mal. O inverso seria a solução mais plausível, mas a incompetência palaciana faz da lógica um temido monstro.