São Paulo submerge depois de uma hora de chuva e faz flutuar a incompetência de Gilberto Kassab

(Foto: Joel Silva - Folhapress)
Veneza tupiniquim – Quarta maior cidade do planeta, principal centro financeiro do País, destino profissional de nove entre dez homens de negócios, sede do jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014. São Paulo, a mais importante cidade brasileira, submergiu na tarde de quinta-feira (14). Telefones celulares deixaram de funcionar em muitos bairros, em outros o serviço de televisão a cabo entrou em colapso, a qualidade do acesso à rede mundial de computadores oscilou de forma vergonhosa, interrupção no fornecimento de energia elétrica durante longas horas. Dezenas de árvores caídas, mais de uma centena de semáforos desligados, trânsito insuportável. Quase noventa pontos de alagamento, carros transformados em submarinos, automóveis empilhados, pedestres em cima dos muros. Casas destruídas, negócios perdidos, sonhos transformados em pesadelos. Prejuízos incalculáveis, desespero incontrolável, descaso inaceitável.

Assim é a infraestrutura da cidade que serviu como trampolim político para um incompetente que atende pelo nome de Gilberto Kassab, que à custa do dinheiro do contribuinte passou boa da sua administração se dedicando à criação de um novo partido, quando deveria estar à frente da prefeitura e coordenando a solução de um sem fim de problemas. Tão incompetente quanto arrogante, Kassab deixou a prefeitura paulistana no final de 2012 com uma das piores avaliações de todos os tempos. Truculento no trato e revanchista nos bastidores, Gilberto Kassab jamais aceitou críticas, pois não tem a humildade necessária para reconhecer a própria incapacidade.

Causa indignação e perplexidade a decisão de um governo que sofre de paralisia irreversível, como o de Dilma Rousseff, de se preocupar em arrumar vagas na Esplanada dos Ministérios para abrigar os parceiros políticos de Kassab. Jamais a cidade de São Paulo foi tão mal tratada como na gestão de alguém que caminha sobre o salto alto da soberba. O caos que domina a capital dos paulistas pouco importa a Gilberto Kassab, que está no focado em avançar com o seu projeto político.

Quando afirmamos pela primeira vez, em 31 de outubro de 2007, que o Brasil não tinha condições – como ainda não tem – de sediar um evento da magnitude da Copa do Mundo, autoridades de todos os naipes nos dedicaram críticas das mais variadas. Lula, o messiânico, disse que torcíamos contra o Brasil. Os ufanistas do povo, embriagados com as mentirosas promessas oficiais, acusaram-nos de derrotistas.

Gilberto Kassab, um irresponsável com todas as nuances, embarcou na folia e concedeu isenção fiscal no valor de R$ 420 milhões para a construção do estádio do Corinthians, como se a cidade não tivesse problemas e prioridades. Abriu mão de uma quantia vultosa sem consultar a população, que sofre com as mazelas ignoradas pelo poder público. Fosse a Copa do Mundo uma competição de remo ou um desfile de gôndolas, a cidade estaria pronta com antecipação.

Em qualquer país minimamente sério, com autoridades gozando de rasas doses de responsabilidade, Gilberto Kassab estaria com todos os bens indisponíveis e já era réu em ação coletiva de indenização material e moral. Fernando Haddad, o petista que assumiu o comando da cidade porque Lula assim determinou, não pode falar em herança maldita, pois Kassab está se bandeando para o lado do PT e na eleição municipal fez um covarde jogo duplo.