Penas do Mensalão do PT serão aplicadas até julho, mas há mais crimes sendo investigados no caso

Sem saída – Durante entrevista a jornalistas estrangeiros que cobrem o cotidiano da política nacional, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, disse que as penas decorrentes da Ação Penal 470 (Mensalão do PT) serão aplicadas até 1º de julho, como anunciado pelo ucho.info por ocasião da conclusão do julgamento em plenário.

Com a publicação do acórdão, os advogados dos réus condenados terão direito a recursos, os chamados embargos de declaração e embargos infringentes. Encerrada essa fase, as penas começarão a ser aplicadas.

De acordo com Joaquim Barbosa, as penas de prisão dependem da conclusão do processo para que sejam executadas. “As ordens de prisão devem ser expedidas antes desta data”, declarou o presidente do STF.

Questionado se as penas impostas aos réus no maior escândalo de corrupção da história política do País não foram duras, Barbosa disse que as penas foram “baixíssimas” se considerada a magnitude do caso, que até então se resume ao desvio de mais de R$ 100 milhões dos cofres públicos, dinheiro que foi utilizado na compra de parlamentares no Congresso Nacional, os quais garantiram a aprovação de inúmeros projetos de interesse do então presidente Lula.

Entre os 25 condenados estão José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil; José Genoino, ex-presidente do PT; Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido; e o atual deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP).

Fase II

Engana-se quem pensa que o caso do Mensalão do PT termina com o fim do julgamento da Ação Penal 470 e a aplicação das respectivas penas. O esquema criminoso foi muito maior do que anunciado até agora e há muito mais crimes a serem investigados. Em termos financeiros, o caixa do Mensalão do PT movimentou mais de R$ 300 milhões, sendo que o objetivo da operação, segundo o ex-petista Silvio Pereira, era chegar à casa de R$ 1 bilhão. Ou seja, o que foi julgado pelo STF é a ponta de um enorme iceberg de crimes.

Além do dinheiro público desviado por meio do Banco do Brasil (leia-se Visanet), o Mensalão serviu para repatriar o dinheiro das propinas arrecadadas em Santo André, que estava depositado em contas no exterior e culminou com o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel. Reforçou o caixa do Mensalão do PT o dinheiro disponibilizado por alguns empresários que, interessados em realizar com o governo Lula, usaram Marcos Valério como rota de passagem.

Quando essas duas conexões adicionais do caso do Mensalão do PT forem elucidadas pelas autoridades, o estrago será ainda maior nas searas política, financeira e empresarial, principalmente no setor de telecomunicações, onde vez por outra sobram oportunistas.