Copom pinta o cenário econômico de dourado, enquanto a realidade deixa qualquer um branco de susto

Lata velha – Depois que passou a sofrer a ingerência do Palácio do Planalto, o Banco Central perdeu um pouco da credibilidade na seara das previsões, o que não significa que seus servidores carecem de competência. Apenas não se pode confiar na autoridade monetária que é monitorada por um governo que insiste em camuflar a verdade.

De acordo com o Comitê de Política Monetária do BC (Copom), a tarifa de telefonia e o preço do botijão de gás devem permanecer estáveis, pelo menos por enquanto. Na opinião dos integrantes do Copom, a projeção de reajuste da gasolina, em 2013, continua em 5%.

A estimativa para o recuo da tarifa residencial de eletricidade ficou em aproximadamente 15%, ante 11% considerados em janeiro. “Essa estimativa leva em conta os impactos diretos das reduções de encargos setoriais recentemente anunciadas, bem como reajustes e revisões tarifárias ordinários programados para este ano”, informa o BC.

Esses números carregados de atalhos não consideram a realidade enfrentada pelos brasileiros no cotidiano. Muito além do índice oficial, a inflação já ultrapassou a casa dos 20%, mesmo com as inócuas e pontuais medidas adotadas pelo governo.

De nada adianta saber de quanto será a redução da gasolina ou da energia elétrica, se não considerarmos o impacto na inflação. A conta não exige nenhum esforço descomunal do raciocínio e mostra que a fanfarra palaciana produzirá pouco resultado. Na composição do IPCA, índice que mede a inflação oficial, o impacto da redução da tarifa de energia elétrica será de 0,48 ponto percentual negativo. No caso dos combustíveis, o impacto será de 0,13 ponto percentual positivo. Em relação à desoneração da cesta básica, o efeito na inflação será de 0,30 ponto percentual negativo. Por fim, o aumento dos medicamentos incidirá positivamente no cálculo da inflação em 0,15 ponto percentual.

Puxando a conta, o governo fez um enorme esforço para eventualmente reduzir em meio ponto percentual a inflação, o que nada muda na vida do brasileiro. Na seara dos aposentados, sempre vilipendiados pelo Estado, os idosos gastarão muito mais com medicamentos do que a economia que terão na cesta básica.

Nesse cálculo não consideramos três fatos importantes. O primeiro deles é o custo de R$ 8,5 bilhões por ano da redução da tarifa de energia elétrica. O segundo, a não arrecadação de R$ 7,3 bilhões anuais referentes aos tributos incidentes na cesta básica. O fato mais preocupante, antecipado pelo ucho.info, é que a desoneração da cesta básica será repassada ao consumidor com base no preço cheio dos produtos, que até então vinham sendo vendidos por valores promocionais. A alta de preços dos alimentos ocorreu em setembro passado, tão logo Dilma Rousseff rejeitou o projeto oposicionista de desoneração da cesta básica e criou um grupo de palacianos para estudar o assunto.

Quem foi ao supermercado depois do anúncio da presidente, feito na última sexta-feira (8), já percebeu que os preços aumentaram, ao invés de diminuir. Resta saber até quando o PT enganará a parcela incauta da opinião pública.