Até quando?

(*) Lígia Fleury –

Escrever sobre Educação me fascina, pois é a possibilidade real de conscientizar os indivíduos de seus direitos e deveres.

Segundo o IBGE, em 2011, o Brasil possuía 12,9 milhões de analfabetos, 8,6% de uma população de 192 376 496 habitantes. Nada me faz acreditar que isso seja uma conquista, até porque nesse índice não estão incluídos os analfabetos funcionais, aqueles que decodificam, mas não compreendem a mensagem do texto – leem palavras e não as significam. Isso é crime e está longe de ser uma vitória.

Em um país de vasta extensão territorial e com grandes riquezas, há que se atentar para o maior crime contra a população de que se tenha notícia, que é o descaso com a educação.

Hoje, o alto índice de atestados médicos que legalizam a licença médica do professor é assustador; em Brasília, nada menos que a capital desse BRASIL, mais de 30% dos professores estão em licença, de janeiro até hoje. Quais os motivos? Apenas cinco dentre inúmeros:

• Professores ameaçados

• Alunos deseducados

• Pais omissos

• Salário vergonhoso – clique e confira o infográfico que elucida o terrível quadro salarial

• Falta de ambiente e material compatível com o que se espera de uma ESCOLA

Há que se pensar sobre essa afronta. A falta de segurança que estamos vivendo é consequência desse descaso. A falta de saúde pública é consequência desse descaso.

Desde sempre leio que o governo tem Proposta para Educação e são sempre as mesmas: construir escolas, aumentar salário dos professores… MENTIRAS! BALELAS! E são mentiras contadas em todos os cantos desse Brasil.

Crianças fora da escola por falta de vagas e professores fora da escola por problemas de saúde. Somem os dois e o resultado é catastrófico: bandidos na rua. E a única diferença entre esses bandidos e os que roubam a Educação da população é que os que estão na rua ou na cadeia assustam pela violência física enquanto que os que roubam o direito à Educação de uma Nação, estão na mídia, recebendo votos para aumentar o número de analfabetos. E esses são muito mais perigosos que os primeiros, porque roubam o direito à dignidade, ao conhecimento, à cidadania. Mas estão soltos. Até quando?

(*) Lígia Fleury é psicopedagoga, palestrante, assessora pedagógica educacional, colunista em jornais de Santa Catarina e autora do blog educacaolharcomligiafleury.blogspot.com.