BC tenta conter alta do dólar, mas moeda norte-americana encerra o dia a um passo de R$ 2,26

Drible cambial – O Banco Central bem que tentou, mas o dólar encerrou os negócios desta quinta-feira (20) valendo R$ 2,259. Trata-se da cotação mais elevada da moeda norte-americana desde 1º de abril de 2009. Economistas e analistas do mercado financeiro apostam que o dólar deve chegar à marca de R$ 2,30 ainda na sexta-feira (21).

A alta da moeda ianque decorre do discurso do presidente do Federal Reserve (Banco Central dos EUA), Ben Bernanke, que na quarta-feira defini a posição da instituição em relação à política de estímulos à economia. Bernanke disse que o Fed começará em breve a reduzir suas compras de ativos, caso a economia dos Estados Unidos continue sinalizando recuperação.

De acordo com Bem Bernanke, o processo será homeopático e com previsão de término em meados de 2014, o que significa agitação em mercados financeiros como o do Brasil. No rastro dessa decisão, o lento e contínuo enxugamento da liquidez dos Estados Unidos fará com que o dólar continue valorizado ao redor do planeta.

Esse cenário é desfavorável ao Brasil, que demorou demais para eliminar as barreiras que dificultavam o ingresso de capital estrangeiro no País. Há dias, com o atraso de sempre, o governo da presidente Dilma Rousseff decidiu alterar a política de IOF para investimentos estrangeiros em títulos de renda fixa.

Quando o ainda ministro Guido Mantega, da Fazenda, afirma que o governo brasileiro tem munição de sobra para enfrentar os solavancos econômicos, a começar pelas oscilações cambiais, o melhor a se fazer é não acreditar em tais declarações. Mantega se escora nas reservas brasileiras, atualmente em US$ 300 bilhões, mas se esquece que o Banco Central vem torrando diariamente grandes volumes de moeda norte-americana em venda de contratos de swap cambial. Somente nesta quinta-feira o BC vendeu cerca de US$ 3 bilhões em swaps. E quem vende precisa, em algum momento, entregar a mercadoria.