Paulo Bernardo fala sobre a espionagem norte-americana e se contradiz ao posar de ingênuo

Inocência de encomenda – A ordem no Palácio do Planalto é explorar ao máximo o caso da suposta espionagem feita pelo governo norte-americano em território brasileiro. Dando sequência aos muitos depoimentos de ministros sobre o episódio, nesta quinta-feira (11) foi a vez do titular das Comunicações, Paulo Bernardo da Silva, falar aos parlamentares acerca da arapongagem ianque.

Na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o petista Paulo Bernardo chegou a ser irônico enquanto discorria sobre a fragilidade e a vulnerabilidade da internet, em especial no Brasil. “Vai mandar um email secreto para um colega? Pode tirar o cavalinho da chuva. Vai mandar pelo Gmail? Já vai a cópia para lá…”, disse em tom de galhofa o ministro das Comunicações.

Após admitir que questões estratégicas do governo não são tratadas por e-mail, Paulo Bernardo disse que teme pelo vazamento de informações reservadas sobre o pré-sal, como, por exemplo, o potencial das jazidas de petróleo e gás. O ministro precisa decidir qual discurso está valendo, pois essa oratória ambígua confirma a decisão palaciana de pegar carona no caso que se tornou um escândalo descomunal mesmo sem provas.

Enquanto o ministro incensa o tema para criar uma cortina de fumaça diante da crise política que se instalou no Palácio do Planalto, é preciso reconhecer que muitas nações ao redor do planeta fazem uso de coleta de informações sigilosas. A atuação dos Estados Unidos nessa seara jamais foi novidade, mas quem alegar desconhecimento por certo nunca assistiu a um filme de ação produzido em Los Angeles.

O que não se pode aceitar é a postura do governo em relação ao assunto, pois no Brasil a espionagem acontece à luz do dia e na esquina mais próxima. Telefones (fixos e celulares) são monitorados oficial e ilegalmente, dependendo da necessidade do interessado, assim como ocorre o grampo cibernético. Qualquer pessoa minimamente experiente já ouviu falar no Sistema Guardião, que recentemente foi utilizado para monitorar os telefones e os e-mails do editor do ucho.info.

Em Brasília, o uso desse equipamento, que custa no mercado internacional aproximadamente US$ 300 mil, é assunto de conversas de botequim. O PT não pode posar de inocente nessa epopeia em que se transformaram as declarações de Edward Snowden, ex-funcionário da National Security Agency (NSA) pois do contrário terá de explicar a espionagem que flagrou um parlamentar da base aliada em cenas calientes com um policial. A bisbilhotice começou porque o parlamentar fez um acerto criminoso no valor de R$ 25 milhões e não dividiu o produto do crime com os comparsas.