Egito: repressão a seguidores de Mohammed Morsi deixa mais de 500 mortos

(Associated Press)
Clima de guerra – Na mais recente onda de violência no Egito, que aponta para o retorno da ditadura no país, ao menos 525 pessoas morreram, informou o governo local nesta quinta-feira (15), corrigindo novamente para cima um número que não para de subir. A contagem oficial anterior era de 464 mortos.

Os conflitos – os piores desde o levante que destituiu o presidente Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011 – foram desencadeados pela remoção de seguidores do ex-presidente Mohammed Morsi, oriundo da Irmandade Muçulmana, de acampamentos espalhados pelo país.

Somente nas praças Nahda e Rabaa al-Adawiya, no Cairo – os dois locais ocupados por manifestantes islamistas pró-Morsi há algumas semanas, mais de 200 pessoas morreram em episódios típicos de guerra civil.

O Ministério da Saúde já contabilizou, até a manhã desta quinta-feira, 3.600 feridos em todo o país. De acordo com informações oficiais, mas não checadas, 429 pessoas que já teriam deixado os hospitais. A Irmandade Muçulmana, por sua vez, falou em 3 mil mortos num “massacre”, além de mais de 10 mil feridos.

Desde que Mohammed Morsi foi deposto, há um mês e meio, mais de 700 pessoas morreram, de acordo com números oficiais – a maioria das vítimas seguidores do primeiro presidente democraticamente eleito do país, depois da deposição de Hosni Mubarak, na esteira da Primavera Árabe.

Mais cedo, o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, solicitou a realização de reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir a repressão violenta contra os seguidores do ex-presidente, deposto em julho.

“Trata-se de um massacre muito sério contra o povo egípcio, que estava apenas protestando pacificamente”, disse Erdogan, criticando o silêncio da comunidade internacional diante do derramamento de sangue. O premiê turco é um forte apoiador de Morsi e da Irmandade Muçulmana.

Já o Ministério do Exterior da Alemanha convocou o embaixador egípcio em Berlim para esclarecer a posição do país europeu quanto à situação no Egito. Antes de partir em viagem para a Tunísia, na quarta-feira, o ministro Guido Westerwelle apelou a “todas as forças políticas” para “impedir uma escalada da violência.” O presidente francês, François Hollande, pediu às autoridades egípcias que tomem todas as medidas para “evitar uma guerra civil.”

Após uma noite de calma devido à declaração, pelo governo militar, de um estado de emergência e um toque de recolher válidos durante um mês na capital e em dez outras províncias, a Irmandade Muçulmana convocou seguidores a protestar no Cairo nesta quinta-feira. (Com DW e agências internacionais)