Quando falta Educação

(*) Lígia Fleury –

Uma das maiores riquezas da vida é ser leitor. Quando se lê, outras conexões se estabelecem como a de compreender a mensagem, concordar ou discordar pela possibilidade de questioná-la, reorganizar o próprio conhecimento. A capacidade de ler é a chave para o horizonte, que nos joga no mundo, um mundo antagônico e complexo.

Temos assistido, participado, lido e ouvido sobre os protestos em todo o país. Protestos contra a corrupção, a falta de escola, a carência da saúde pública, o fiasco da segurança, a ditadura imposta aos brasileiros. Protestar é exercitar a democracia, é honrar as próprias convicções, é cidadania. Pode-se mudar de opinião? Sempre! E vejo isso com bons olhos. Sempre que houver novos argumentos que nos façam rever nossa postura, mas não nossa ideologia.

No discurso das festividades pelo 7 de setembro, a Presidente falou sobre a importância da transparência. Não se deve discursar sobre algo que não conhece! O cheiro da hipocrisia fica muito mais forte, Presidente! Que moral a senhora tem para pedir transparência? Aliás, o que é mesmo moral?

Eu e outros milhões de brasileiros podemos exigir que os mascarados mostrem a cara, porque são baderneiros, safados, que agem de má fé. Sobem em carros de polícia e culpam a polícia? Quebram lojas e bancos e culpam a polícia por utilizar bombas de efeito moral? Queimam a bandeira do Brasil e se escondem atrás de um pano? Covardes! Sem Educação!

Façamos as contas: são dez anos desse governo corrupto. Dez anos e outros tantos de crianças e jovens fora da escola. Responsabilidade de décadas da falta de governo, do descaso com um povo. Na escola se ensina a ler, a compreender, a questionar. Na escola se ensina a honrar o país e seus símbolos, assim como a questionar os abusos que o governo comete contra o povo.

Os escolarizados compreendem o que está por trás dos médicos cubanos, da falta de segurança pública, do mais de um milhão de crianças fora da escola, da falta de professores e da capacitação dos mesmos. Mas quem ganha uma eleição é o não letrado, é o bolsista comprado. Isso nós sabemos! Os municípios precisam colocar essas crianças nas creches, ampliar o quadro de professores. O estado precisa dar continuidade ao estudo das crianças que saem das creches, propor formação de qualidade aos professores. É um empenho para que não se queimem mais a Bandeira do Brasil, para que não se esconda mais a identidade dos bandidos, para que se façam leis que possam ser cumpridas e não violadas, para que saúde seja tratada com a dignidade que uma vida merece. Nada disso é possível sem Educação.

(*) Lígia Fleury é psicopedagoga, palestrante, assessora pedagógica educacional, colunista em jornais de Santa Catarina e autora do blog educacaolharcomligiafleury.blogspot.com.