A informação pode ser vista numa fotografia disponibilizada pela própria ONU, em que o chefe dos inspetores de armas químicas, Ake Sellstrom (à esquerda na foto), entrega o relatório ao secretário-geral da organização, Ban Ki-moon. Os Estados Unidos afirmam que o ataque com gás sarin na cidade do subúrbio da capital síria deixou 1.429 pessoas mortas, sendo pelo menos 400 crianças.
“Com base na evidência obtida durante a investigação do incidente em Ghouta, a conclusão é que armas químicas foram usadas no conflito em curso entre as partes na Síria contra civis, incluindo crianças, numa escala relativamente grande”, destaca o relatório, que confirma que amostras coletadas fornecem provas claras de que foi realizado um ataque com gás sarin.
Pouco depois, Ban Ki-moon confirmou o conteúdo do relatório, ao afirmar perante o Conselho de Segurança da ONU que os investigadores atestaram, de forma inequívoca e objetiva, que armas químicas foram usadas na Síria. “Isso é um crime de guerra”, acrescentou.
Os resultados da investigação de Sellstrom não são surpreendentes. Há várias semanas, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, assegurou que gás sarin havia sido utilizado no ataque químico em Ghouta. Mesmo com o vazamento do relatório, não está claro, ainda, se o texto incluirá detalhes que imputem culpa ao governo da Síria. O mandato de Sellstrom é limitado a investigar fatos e não a atribuir culpa.
“Opção militar segue em cima da mesa”
Kerry disse nesta segunda-feira que não serão toleradas “medidas protelatórias” por parte do regime do presidente Bashar al-Assad para entregar seu arsenal químico e que, em caso de descumprimento, “haverá consequências”. As declarações foram feitas em Paris, após encontro com os ministros do Exterior da França, Laurent Fabius, e do Reino Unido, William Hague.
“Se o regime de Assad não cumprir… ninguém deve achar que não haverá consequências”, ameaçou Kerry. O secretário de Estado lembrou que o presidente Barack Obama preveniu que, “se a diplomacia fracassar, a opção militar segue em cima da mesa”.
Perguntado se Moscou aceitará a ameaça, o chefe da diplomacia americana argumentou que, no acordo obtido na semana passada em Genebra com o chanceler russo, Serguei Lavrov, está previsto explicitamente o recurso ao “capítulo 7” das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, quer dizer, sanções em caso de descumprimento.
Kerry, da mesma forma que Fabius e Hague, afirmou que o compromisso para o desmantelamento das armas químicas nas mãos de Assad não é incompatível com a estratégia desses três países de fortalecer a oposição da Coalizão Nacional Síria.
“Assad perdeu toda legitimidade para governar seu país e mantemos nosso compromisso com a oposição”, disse Kerry, que garantiu, no entanto, que a comunidade internacional seguirá trabalhando para uma solução política. (Com agências internacionais)