Ameaça do líder do PMDB coloca o principal projeto do governo Dilma à beira do despenhadeiro

Rastilho de pólvora – Quando o PMDB indicou o deputado federal Eduardo Cunha (RJ) para o cargo de líder do partido na Câmara, o ucho.info afirmou que o governo petista de Dilma Vana Rousseff sequer imaginava o que viria pela frente. Cunha é um político profissional e já deixou isso muito claro em outras ocasiões, em que capitaneou algumas derrotas impostas ao Palácio do Planalto.

Eduardo Cunha não está deputado federal por patriotismo ou por convicções maiores, mas, sim, como qualquer outro parlamentar, para fazer da política um meio de vida. E assim tem sido desde 1991, quando assumiu a presidência da finada Telerj.

Durante a apreciação em plenário do Projeto de Lei 6397/13, que trata da minirreforma eleitoral, Eduardo Cunha foi derrotado por um movimento de partidos de esquerda liderados pelo petista gaúcho Henrique Fontana, mas fez ameaças que certamente serão levadas a cabo. A ameaça feita em público é que na próxima semana o PMDB obstruirá a votação, no plenário da Câmara dos Deputados, da MP do programa “Mais Médicos”, cujo objetivo é criar um palanque eleitoral para o ministro Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo nas próximas eleições.

Eduardo Cunha, é bom lembrar, não é daqueles que fazem ameaça sem cumprir, mas pode mudar de opinião dependendo da negociação nos bastidores. O PMDB exerce o papel de fiel da balança do governo de Dilma Rousseff no Congresso Nacional e é peça importante no projeto de reeleição da petista. A questão é que no Congresso os peemedebistas deflagraram uma intifada, pois a cúpula da legenda fez acordos político-eleitorais com o governo sem consultar as bases.

Fora isso, o PMDB exige que o senador Vital do Rêgo (PB) seja indicado pela presidente Dilma para o Ministério da Integração Nacional, que até o início desta semana estava sob o comando do PSB, partido do governador pernambucano Eduardo Campos. A resistência da presidente em aceitar a imposição do PMDB está no fato de que em 2014 o senador Vital do Rêgo, atual presidente da CCJ do Senado, será candidato ao governo da Paraíba.

Se Dilma aceitar a imposição do PMDB, Vital do Rêgo estará ministro por alguns poucos meses, mas transformará o importante ministério em palanque eleitoral, uma vez que na corrida ao governo paraibano terá de enfrentar o senador tucano e ex-governador Cássio Cunha Lima.

Esse nó político será colocado sobre a escrivaninha de Michel Temer, que certamente não por causa de inocência que chegou à vice-presidência da República depois de décadas na política. Resumindo, briga de cachorros grandes e sempre famintos.