Papa faz faxina em comissão do Banco do Vaticano e pode ser alvo de reações

papa_francisco_24Mão no vespeiro – O argentino Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, decidiu fazer uma faxina completa no Istituto per le Opere di Religione (IOR), também conhecido no mundo da lavagem do dinheiro como Banco do Vaticano. Nesta quarta-feira (15), o papa substituiu toda a comissão de cardeais encarregada de supervisionar a controvertida instituição financeira, que durante décadas a fio abrigou operações nada ortodoxas de criminosos do colarinho branco de várias partes do planeta, começando por alguns mafiosos conhecidos dentro e fora da Itália.

A decisão foi anunciada pela Santa Sé poucos dias antes de ser divulgado um relatório com as reformas que serão aplicadas na entidade, envolvida por anos em escândalos dos mais variados, sendo que a maior incidência é o branqueamento de capitais de origem suspeita.

Na assepsia que o papa Francisco realizou no IOR, apenas o cardeal Jean-Louis Tauran continuará integrando a comissão, da qual foram ejetados o italiano Tarcisio Bertone, ex-secretário de Estado do Vaticano e braço direito de Bento XVI, duramente criticado por sua gestão à frente da Cúria Romana. Também foram alvo da degola o italiano Domenico Calcagno, o brasileiro Odilo Scherer e o indiano Telesphore Toppo.

Francisco decidiu destituir a comissão antes da conclusão de seu mandato. Ela havia sido nomeada por Bento XVI pouco antes de o agora Papa Emérito apresentar sua renúncia, em fevereiro de 2013. Foram nomeados para integrar a comissão do IORm, com mandato de cinco anos: o atual Secretário de Estado, o italiano Pietro Parolin; o cardeal austríaco Christoph Schönborn, um dos mais respeitados religiosos da Europa; o canadense Thomas Christopher Collins; e o espanhol Santos Abril y Castelló.

Desde o início do seu pontificado, em março de 2013, Jorge Bergoglio colocou como meta primeira a reforma do Banco do Vaticano, um conhecido antro de corrupção e outros crimes.

Uma investigação do Ministério Público da Itália, em Roma, apontou que por muitas das 19 mil contas do banco, cujos titulares são religiosos e laicos que trabalham no Vaticano, transitou dinheiro de origem duvidosa, muito provavelmente criminosa.

Especialistas em transações financeiras apresentarão relatório, em fevereiro, durante reunião do G8, grupo de oito cardeais que assessoram o papa na reforma do Vaticano e todos os seus penduricalhos espalhados ao redor da Praça São Pedro.

Sentindo na pele a peçonha dos criminosos

albino_luciani_06Quem tentou promover uma assepsia no Banco do Vaticano pagou um preço extremamente alto. O primeiro foi o italiano Albino Luciani, papa João Paulo I, que foi assassinado 33 dias após o início do seu pontificado. A Santa Sé informou que Luciani foi vítima de infarto, mas sua morte decorreu de envenenamento por cianureto, produto letal que foi colocado no chá servido ao pontífice. Clique aqui e entenda como o crime organizado atua por trás dos muros do Vaticano.

karol_wojtyla_02O segundo pontífice a tentar uma faxina no IOR foi o sucessor do papa João Paulo I, o polonês Karol Józef Wojtyła (João Paulo II), que sofreu um atentado na Praça São Pedro. Wojtyla foi atingido por um tiro disparado por Mehmet Ali Agca, membro da máfia turca, que à época operava em conjunto com o governo da então União Soviética e tinha ligações umbilicais com a loja maçônica P2. O popular papa João Paulo II foi aconselhado por assessores, alguns ligados aos criminosos, a desistir de promover uma limpeza no IOR.

bento XVI_19O terceiro a sentir o peso do crime organizado que reina no Banco do Vaticano foi o alemão Joseph Ratzinger, o papa emérito Bento XVI. Sem saber como escapar da pressão exercida pelos criminosos de batina, Ratzinger preferiu renunciar ao papado, decisão que pegou os católicos de todo o mundo de surpresa. O papa alegou problemas de saúde, mas sabe-se que fora os muitos escândalos de corrupção e outros quetais que o levaram a jogar a toalha, antes que fosse alvejado pelo mar de lama que brota dos subterrâneos da Santa Sé. Muitos detalhes desses crimes vieram a público no caso que ficou conhecido como Vatileaks. Clique e confira a saia justa enfrentada pelo alemão Joseph Ratzinger.

Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, sabe que alguma reação deve surgir dessa devassa que ele deflagrou no IOR, uma vez que o Vaticano firmou um compromisso com a Justiça italiana com o objetivo de cessar as muitas operações financeiras canhestras que há muito assustam a seara dos negócios internacionais. Clique e confira matéria do ucho.info sobre os perigos que rondam o papa.