Poste cai em avenida movimentada de SP, mas imprensa se preocupa com veículo de luxo atingido

(Fernando Donasci - Folhapress)
(Fernando Donasci – Folhapress)
Curto-circuito cerebral – No Brasil está cada vez mais difícil descobrir o que é pior: político incompetente ou imprensa subserviente. Como estamos nessa louca Terra de Macunaíma, não é errado afirmar que ambos se equivalem.

Nesta quinta-feira (16), em São Paulo, mais importante cidade brasileira e a quarta maior do planeta, árvores caíram por causa da chuva, situação que se tornou rotina quando a água celestial resolve despencar sobre a Pauliceia Desvairada. Na sequência surgiu a notícia de que um poste caiu sobre um carro no mesmo local, no centro da cidade, mais precisamente na movimentada Avenida Rio Branco, no bairro de Santa Ifigênia.

A árvore e o poste atingiram ao todo três veículos, mas nada mais bizarro poderia acontecer no noticiário local do que a informação de que um dos alvos era automóvel da marca Mercedes-Benz. Ou seja, para os jornalistas o mais importante não foi o absurdo de um poste, que espera-se esteja bem fincado no chão, caindo sobre uma via com trânsito intenso, mas, sim, a marca e o valor do carro. O poste poderia ter caído sobre um pedestre, o que não aconteceu porque no momento do acidente chovia muito na capital paulista.

A mídia amestrada é tão vergonhosa que chega a provocar asco. O pior é que chegam rotineiramente ao mercado de trabalho jornalistas sem condições mínimas de levar adiante um ofício que exige responsabilidade e bom senso. Bom seria se esses estreantes no jornalismo apenas não soubessem escrever, mas para o desespero do País eles não sabem pensar. O que é muito grave e preocupante.

O Brasil está muito longe de ser um país sério, mas se fosse o prefeito Fernando Haddad, o fantoche de Lula, e o presidente da Eletropaulo, companhia de distribuição de energia elétrica, já estariam presos aguardando a oportunidade de, diante das autoridades policiais e do Ministério Público, prestar as devidas explicações.

Por infelicidade o planeta é movido apenas e tão somente pelo verbo “ter”, não o verbo “ser, o que seria mais lógico. Nos dias atuais o que mais pesa são as posses do cidadão, não a sua essência e o seu valor como ser humano. Por isso a notícia que invadiu os veículos de comunicação se preocupou apenas com o automóvel de luxo. Fosse um mendigo o alvo do poste cambaleante, por certo a notícia seria de rodapé de página. Como canta o roqueiro romântico Lulu Santos, “assim caminha a humanidade”.