Fiat finaliza fusão com a Chrysler e transfere sede para a Holanda

fiat_chrysler_01Somando experiências – Para o executivo-chefe da Fiat, Sergio Marchionne, foi um dia para festejar. “Terminamos um projeto que iniciamos em 2009”, disse Marchionne ao anunciar o nascimento da Fiat Chrysler Automobiles na quarta-feira (29).

Após completar a fusão com a americana Chrysler, a montadora italiana transfere agora a sua sede da Itália. A nova holding Fiat Chrysler Automobiles (FCA) mudará sua sede social para a Holanda e a fiscal para o Reino Unido. As ações da nova empresa serão comercializadas principalmente na Bolsa de Valores de Nova York, mas também em Milão.

As unidades da nova empresa estão espalhadas pela Europa e pelas Américas do Norte e do Sul. Concluída a fusão das montadoras, tem início agora a esperada reestruturação. “Com a criação da Fiat Chrysler Automobiles começa um novo capítulo na nossa história”, declarou na quarta-feira John Elkann, presidente do conselho administrativo da empresa.

Com a mudança, Marchionne confirma o que os números já apontavam: embora as previsões para 2014 não sejam as melhores, a Fiat conseguiu sair do vermelho em 2013 graças à Chrysler, que se beneficiou da forte demanda de caminhões e SUVs no mercado norte-americano.

No ano passado, o baixo desempenho da Fiat, sobretudo no último trimestre, deveu-se principalmente à queda de vendas na Europa e, por conta da retirada do estímulo estatal no importante mercado brasileiro, também na América do Sul.

Após meses de negociações, no início do mês a Fiat completou finalmente a compra da Chrysler por 4,35 bilhões de dólares, criando a sétima maior montadora do mundo. A participação da Fiat na Chrysler começou em 2009, com a aquisição de 20% da montadora americana. Além disso, a Fiat assumiu na época a administração da Chrysler – depois do fracasso da fusão entre a Daimler e a Chrysler.

Vantagens da fusão

Abalada pela queda das vendas, a Chrysler havia entrado em concordata, tendo recebido quase 9 bilhões de euros estatais para a reestruturação. Desde então, paulatinamente a Fiat aumentou a sua participação na montadora. A compra dos últimos 41,46% foi acompanhada de uma briga de meses com o poderoso sindicato automotivo americano UAW.

A fusão deverá ajudar a Fiat Chrysler a se afirmar na concorrência com rivais bem maiores, como Volkswagen, General Motors e Toyota. Pois tamanho é importante num mercado voltado para as massas.

Um maior número de unidades produzidas implica um menor preço de venda, um melhor aproveitamento da capacidade de produção das fábricas e um menor custo de desenvolvimento por carro fabricado. Além disso, montadoras maiores podem suportar com mais facilidade a queda de venda em determinadas partes do planeta.

Resignação e incerteza

A Fiat Chrysler insistiu que as mudanças de sedes não têm como objetivo evitar o pagamento de impostos, embora no Reino Unido haja um regime fiscal mais favorável do que a Itália. “Não se espera que isto afete os impostos pagos pelas empresas do grupo nos territórios em que desenvolvem suas atividades”, disse o comunicado da empresa.

A Itália, pátria da tradicional fabricante de automóveis de Turim, acatou a fusão e a transferência de sedes com uma mescla de resignação e incerteza. O primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, avaliou como “absolutamente secundário” o local da sede da nova empresa global. “O que importa são os postos de trabalho, o número de automóveis vendidos, a competitividade”, disse.

No início de maio, a Fiat Chrysler pretende detalhar a estratégia que quer seguir para alcançar o sucesso de vendas. Para os acionistas da Fiat, no entanto, a fusão com a Chrysler custou caro: para manter a liquidez da empresa, eles tiveram que abrir mão de seus dividendos. (Com agências internacionais)