Mau tempo atrapalha buscas no Índico por destroços do Boeing desaparecido

(Reuters)
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Mais uma pista – O primeiro dia de buscas aéreas pelos possíveis destroços do avião que fazia o voo MH370, da Malaysia Airlines, terminou nesta quinta-feira (20) sem avanços, devido, sobretudo, ao tempo nebuloso e chuvoso na área onde objetos foram detectados por satélite.

A descoberta dos possíveis destroços foi feita no último domingo (17), mas devido às análises foi anunciada apenas nesta quinta-feira pelas autoridades da Austrália. Ela é considerada a melhor pista já obtida desde que o Boeing 777-200 desapareceu, em 7 de março, na rota Kuala Lampur-Pequim com 239 pessoas a bordo.

“Recebemos informações novas e críveis, baseadas em dados de satélites. E, após a análise destas imagens, foram identificados objetos possivelmente relacionados à busca do Boeing 777-200 da Malaysia Airlines”, disse o primeiro-ministro australiano, Tony Abbot.

Quatro aviões de reconhecimento e dois navios foram enviados para a área, que fica a cerca de 2.500 quilômetros da cidade australiana de Perth, no Oceano Índico. Um cargueiro norueguês foi o primeiro a chegar nos arredores da área. Ele ia para Melbourne após ter saído de Madagascar quando recebeu um pedido do governo australiano para ajudar na busca, centrada agora em uma das regiões mais remotas do planeta.

Malásia pede cautela

O governo da Malásia pediu cautela, embora também tenha classificado a observação dos dois objetos no Índico de “pista verossímil”. Segundo o ministro da Defesa, Hishamudin Hussein, se os destroços avistados pertencerem ao MH370, os investigadores do voo da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 2009, serão consultados.

Mesmo assim, as autoridades malaias explicaram que, ainda que se trate de restos do avião, não sabem quanto tempo demorariam para encontrar a caixa-preta, que contém informação-chave para explicar o ocorrido.

A Austrália está à frente das buscas no sul do Oceano Índico. E as investigações no momento se centram sobre o comandante Zaharie Ahmad Shah e o copiloto Fariq Abdul Hamid. Os investigadores malaios partem do princípio de que a desativação dos sistemas de comunicação do avião e a mudança radical de sua trajetória só poderiam ter sido feitas por alguém com bom conhecimento de aviação.

De acordo com reportagem publicada nesta quinta-feira no jornal “The New York Times”, investigadores norte-americanos suspeitam que a mudança na rota se deu por meio da aplicação de um código de informática e foi feita de dentro da cabine, usando o Sistema de Gestão de Voo (FMS).

A Malásia solicitou ajuda do FBI (a polícia federal americana) para tentar recuperar os dados do simulador de voo que o piloto do avião da Malaysia Airlines mantinha em casa. As informações foram apagadas há cerca de um mês, mas há a esperança de que possam fornecer pistas do o paradeiro do Boeing 777.

Cuidado redobrado

As imagens de satélite que foram divulgadas nesta quinta-feira devem ser consideradas, mas não se pode afirmar que os supostos objetos detectados pelos radares são destroços do avião desaparecido.

O cuidado em relação à suposta pista é mais do que necessário, pois há dias o governo chinês também divulgou imagens registradas pelos satélites do país asiático com possíveis destroços do Boeing 777-200, mas depois descobriu-se que se tratava de objetos flutuantes que possivelmente se desprenderam de alguma embarcação.

No caso das imagens do satélite chinês, os supostos destroços tinham medidas que se assemelhavam ao tamanho de um ônibus, que dessa forma estariam no fundo do mar se fossem partes do avião desaparecido.

O mesmo deve ser considerado em relação às imagens registradas pelo satélite australiano, uma vez que os dois objetos medem mais de vinte metros cada. Se fossem parte da fuselagem do Boeing, certamente não estaria flutuando. (Com informações da Deutsche Welle)