(*) Jean Simon –
Antes tarde – Menos de dois meses após assumir a presidência da Microsoft, Satya Nadella rompe com velhas manias da poderosa criadora do Windows ao apresentar os aplicativos da família Office para o iPad. O lançamento dos aplicativos para iPad acontece a reboque da nova política comercial da Microsoft para o Office, que saiu do modo “comprar” para assinatura.
Os aplicativos já estão disponíveis para download gratuito apenas para leitura e visualização de documentos do Word, Excel e Powerpoint. A capacidade de edição dos documentos estará liberada apenas para os assinantes do Office 365.
Em sua apresentação, Nadella afirmou que a Microsoft mostra estar ouvindo os clientes ao disponibilizar suas ferramentas para uso em qualquer dispositivo de computação de preferência do usuário. Esse discurso contrasta com a defesa inflamada, em estilo fanfarrão, que seu antecessor, Steven Ballmer, fazia do Windows e do Surface.
O Microsoft Office, ícone da era PC, é sem dúvida a suíte de software mais lucrativa da história. Estimativas apontam que nos últimos dez anos o Office tenha gerado à Microsoft uma receita na casa de 180 bilhões de dólares (R$ 410 bilhões), soma nada desprezível. Porém, nos últimos anos a venda de computadores vem declinando, o que impactou na aquisição dos softwares. De acordo com institutos de pesquisa, em 2013 as vendas globais de PC registraram queda de 10%, enquanto as de tablets cresceram 68%.
O lançamento mostrou boa integração e uma relação bem cordial entre a Microsoft e a Apple. A criadora do iPad está ajudando a divulgar o lançamento, colocando com destaque os aplicativos na loja de aplicativos do tablet. Os presidentes de ambas as companhias inclusive se envolveram em amigável “conversa” no Twitter, com Cook dando boas vindas ao Office, enquanto Nadella afirmava que estava empolgado para trazer a magia do Office para os usuários do iPad.
Para muitos, a Microsoft talvez tenha demorado demais para se render ao Ipad, dando aos usuários tempo suficiente para que se acostumassem com as ferramentas dos concorrentes.
Esse é um lançamento esperado por muitos, mas agora resta saber quem tem razão: os empolgados clientes que já colocaram os aplicativos entre os 10 mais baixados na Appstore ou os pessimistas que acreditam que não existe mais espaço para a Microsoft na era “mobile”.
(*) Jean Simon é especialista em Tecnologia da Informação