Fio queimado – Mais uma vez, as declarações ufanistas de Guido Mantega caíram por terra em questões de horas. Na quarta-feira (15), ao desautorizar a fala do “companheiro” Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, Mantega disse que o Brasil está superando a crise e que a inflação está sob controle. Em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, Mercadante afirmou que o governo adotou o controle de preços (gasolina, energia elétrica e transporte público) como forma de evitar impactos na inflação oficial.
Guido Mantega, que inexplicavelmente ainda está ministro, pode balbuciar quantas inverdades quiser, mas o fato é que a economia brasileira continua cambaleante e rumando na direção do precipício. Desde que passou a ocupar o principal gabinete do Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, orientada pela equipe econômica do governo, adotou 23 medidas de estímulo à economia, mas nenhuma deu resultado.
Para desmentir Mantega e mostrar que o governo petista está perdido em relação à condução da economia, nesta semana dois índices não deixaram a verdade escapar. O primeiro deles mostra que na indústria o emprego avançou 0,2% na passagem de fevereiro para março, de acordo com levantamento do o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado na última terça-feira (13). Na comparação com março de 2013, o emprego industrial registrou queda de 1,9% em março deste ano. No acumulado do primeiro trimestre de 2014, os postos de trabalho na indústria recuaram 2 %. Em doze meses, o emprego na indústria acumulou queda de 1,4%.
Nesta quinta-feira (15), o mesmo IBGE informou que as vendas do varejo registraram queda 1,1% em março deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2013. Trata-se da maior queda já registrada para o mês desde 2003. Em relação a fevereiro deste ano, o comércio varejista encolheu 0,5%.
Economia em ritmo de desaquecimento, com menos crédito e inflação alta, além do impacto o período de Carnaval, explicam o fraco desempenho das vendas em março. “Na medida em que as variáveis econômicas e as políticas governamentais vão se comportando diferente e um pouco aquém do que aconteceu em 2013, é natural que o comércio reflita isso”, pondera a pesquisadora Aleciana Gusmão, responsável pela pesquisa.
Enquanto o governo tenta dourar a pílula para salvar o projeto de reeleição de Dilma Rousseff, os brasileiros continuam enfrentando a voracidade da inflação real, aquela que faz com que o salário acabe muito antes do fim do mês. Aliás, o salário mínimo vigente, que os petistas consideram uma enorme conquista dos trabalhadores, vale irrisórios R$ 724. Para que leitor avalie o que representa o salário mínimo, qualquer prefeitura, diante de tragédias que levam as pessoas a perderem suas casas, estabelece como aluguel social um benefício no valor que varia de R$ 400 a R$ 500. Na prática, o aluguel de um barraco em favelas da capital paulista, por exemplo, não sai por menos de R$ 500.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), órgão que nos tempos de oposição serviu de base para as gritarias petistas contra os governantes da época, o salário mínimo ideal para o passado mês de abril era de R$ 2.824,92, valor que representa quase quatro vezes a fortuna (sic) estabelecida pelo governo com piso salarial em todo o País. Quando o governo do então presidente Lula incentivou os brasileiros a mergulharem no consumismo, o ucho.info alertou para o perigo da estratégia palaciana, pois nem mesmo o mais insano economista recomendaria a elevação repentina do consumo como arma contra uma crise econômica.