Abreu e Lima: CPMI da Petrobras tem de quebrar sigilos de consórcios e investigar subcontratadas

corrupcao_16Pente fino – O destino dos bilhões de reais desviados durante a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, por meio de superfaturamentos e aditivos escandalosos só será devidamente identificado se a CPMI da Petrobras mostrar-se desejosa de investigar a obra e quebrar o sigilo de todas as empreiteiras envolvidas nos consórcios que tocam a obra e as empresas fornecedoras de produtos e serviços. Esse é o entendimento do líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), para quem toda a ginástica técnica feita pela Petrobras para explicar como um empreendimento estimado em US$ 2,3 bilhões pode chegar a US$ 20,1 bilhões não convence.

“É um número que não fecha, mesmo com a Petrobras admitindo uma série de erros no planejamento da refinaria. Antes do petróleo chegar, já escorregaram pelo ralo da corrupção bilhões de reais. Só a quebra de sigilos das empresas envolvidas e das costumeiras “laranjas” subcontratadas poderão revelar o destino do dinheiro público. O governo sabe disso e atua para impedir a aprovação desses requerimentos”, protestou o deputado, lembrando que na última semana os aliados da presidente Dilma Rousseff montaram uma operação abafa para derrubar a reunião da CPMI que votaria os requerimentos de quebra de sigilos.

Titular da CPMI e autor de mais de 60 pedidos de quebras de sigilo, Rubens Bueno também aguarda o envio, pela Petrobras, de todos os contratos da obra e seus respectivos aditivos. Reportagem do jornal “O Globo” publicada na edição de domingo (22) ressalta que “foram US$ 3 bilhões em custos adicionais, em aditivos realizados a partir de março de 2008 — aumento equivalente à despesa com a reconstrução de um Maracanã a cada 11 meses. Até dezembro do ano passado, foram 141 alterações contratuais com acréscimos de custos”.

Para o líder do PPS, o caso de Abreu e Lima supera com larga e criminosa folga os desperdícios com a compra da obsoleta e inadequada refinaria de Pasadena, no Texas, que custou aos brasileiros a pequena fortuna de US$ 1,25 bilhão. “Estamos falando de um erro de cálculo de quase US$ 18 bilhões. É praticamente o dobro do lucro líquido obtido pela Petrobras no ano passado. Os responsáveis por esse absurdo precisam ser punidos e é dever da CPMI apontá-los”, disse Rubens Bueno.

Na próxima quarta-feira (25), o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, prestará depoimento na CPMI. “Ele vem jogando a culpa nos membros do Conselho Administrativo da Refinaria, que era independente. Mas, como presidente da estatal, ele tinha a responsabilidade maior. Se a culpa é de outros, que venha a CPMI e dê nome aos bois”, cobrou o líder do PPS.

Duas caras

É preciso considerar uma informação que vem circulando com desenvoltura nos bastidores da CPMI. Assim como a CPI da Petrobras que funciona no Senado Federal, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para investigar os escândalos de corrupção na petroleira nacional deve acabar sem qualquer resultado positivo. Isso porque o comando da CPMI – presidência e relatoria – está nas mãos de aliados do governo petista, a quem não interessa que a verdade seja descoberta e revelada.

Depois que o bandoleiro esquema do Mensalão do PT veio à tona, comprometendo o esquema criado por Lula para comprara consciência (sic) de muitos parlamentares no Congresso Nacional, o Palácio do Planalto manteve o modus operandi com a substituição da fonte de financiamento. Além do loteamento irresponsável da Esplanada dos Ministérios, o governo petista de Lula et caterva lançou mão da roubalheira a partir de empresas estatais, sendo que muitos escândalos ainda não foram descobertos e noticiados, mas estão a um passo de serem desvendados.

Muito antes de chegar ao governo central, Lula, que ao longo dos dois mandatos mostrou-se ser um malandro profissional, tinha opinião diversa a respeito das Comissões Parlamentares de Inquérito. Disse o agora lobista de empreiteira, ao participar, em 1996, do programa do apresentador Serginho Groisman: “Eu sou favorável à CPI por que ela é um instrumento institucional, portanto legal, para apurar falcatruas. A CPI é uma coisa importante pro Brasil. Acho que ao invés de criar as dificuldades que o presidente está criando, era melhor criar as facilidades para que ela se instalasse e se está com medo da CPI é por que, quem sabe, tenha o rabo preso”. Desde que as falcatruas não tenham a chancela estelar do Partido dos Trabalhadores, que nos últimos onze anos e meio mostrou sua inconteste vocação ao banditismo político.

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