Efeito cascata – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) protocolou, nesta segunda-feira (8), pedido de convocação de reunião de emergência da CPI Mista da Petrobras para discutir a condução dos trabalhos da comissão após os depoimentos de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da petroleira, à Polícia Federal. Costa acusa o governo de pagamento de propina com recursos da estatal a políticos da base de sustentação do Planalto, como, por exemplo, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) e o ex-ministro Mário Negromonte (Cidades), soma que chega à casa dos bilhões de reais.
Depende do presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a definição de uma data para a realização da reunião para tratar do assunto, uma vez que aquela marcada para a próxima quarta-feira (10) tem na pauta apenas a oitiva do ex-diretor Nestor Cerveró. Por isso, Rubens Bueno tenta negociar com o senador peemedebista uma data mais breve possível para o encontro dos membros da CPMI.
Acesso a depoimentos
Bueno também protocolou requerimento para que a CPMI tenha acesso imediato ao conteúdo dos depoimentos de Costa, inclusive aos vídeos gravados pela PF e ao Ministério Público no acordo de delação premiada, que prevê repasse de informações em troca de redução de pena. O deputado quer que a comissão alcance as declarações do ex-diretor concomitantemente com o MP, sem a necessidade de esperar o fim da fase atual dos depoimentos à PF.
Em sua mais recente edição, a revista Veja, em matéria que deixou a desejar, publicou alguns poucos detalhes dos depoimentos do ex-diretor, “no que pode ser uma inflexão nos trabalhos da CPMI: as suspeitas convertem-se em fatos comprovados e os acusados tornam-se denunciados”, salientou Rubens Bueno, ao observar que para o benefício da delação premiada é necessário que o depoente só apresente “dados verdadeiros, comprovados, que sirvam para a materialidade e autoria dos crimes”.
Dessa forma, no entender do líder do PPS, diante das informações divulgadas por Veja, “constata-se a urgência em darmos encaminhamento diferente aos nossos trabalhos (da CPMI), uma vez que, a partir de agora, já não trabalhamos mais com hipóteses ou evidências, mas com testemunho que aponta fatos concretos e decisivos para desvendar o esquema de mecanismos clandestinos que funcionavam na Petrobras”.
Muito mais
Como vem afirmando o ucho.info desde o início de 2009, o escândalo envolvendo o esquema criminoso então comandado por José Janene e Alberto Youssef superou com folga o Mensalão do PT, criado para que Lula conseguisse maioria no Congresso Nacional.
O que a revista Veja revelou não é um décimo do conteúdo das denúncias feitas pelo empresário Hermes Magnus, vítima de Janene, e também pelo editor do ucho.info, jornalista Ucho Haddad, mesmo sob constantes ameaças e pagando um preço altíssimo, Magnus e Haddad não desistiram de levar adiante as denúncias, ao mesmo tempo em que colaboraram com autoridades para elucidar o caso que pode se transformar no maios escândalo de corrupção da história nacional.
Diferentemente da quantidade de denunciados por Paulo Roberto Costa aos procuradores e delegados federais, os acusados pelo ex-diretor da Petrobras de terem recebido dinheiro do esquema passam de 50 deputados federais, 12 senadores, cinco governadores e pelo menos três ministros de Estado.
