Lava-Jato: Dilma abusa da ironia ao dizer que operação só foi possível com anuência do governo

dilma_rousseff_450 (reuters)Face lenhosa – Tão responsável quanto Luiz Inácio da Silva, o lobista Lula, pelos muitos casos de corrupção na Petrobras, a presidente Dilma Rousseff tenta não apenas minimizar as consequências da delação de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da petroleira, como insiste em pegar carona em uma investigação que não teria ocorrido se dependesse da vontade do governo petista. Desde que algumas poucas informações sobre os depoimentos de Costa chegaram ao conhecimento público, Dilma tem procurado escapar da responsabilidade como forma de preservar sua complexa candidatura à reeleição.

A presidente disse que não há qualquer acusação ao governo, o que é uma sonora inverdade, pois Paulo Roberto Costa esteve na diretoria da Petrobras desde o início era Lula até 2012, ou seja, inclusive durante os dois primeiros anos da administração Dilma. Fora isso, a petista afirmou que a Operação Lava-Jato não caiu do céu, numa clara e tendenciosa referência que a investigação só ocorreu porque o Palácio do Planalto consentiu.

É importante destacar que a Polícia Federal, que tem valorosos servidores (delegados, agentes e outros profissionais), é uma polícia de Estado, não de governo. Ademais, a Operação Lava-Jato só foi possível porque o corajoso empresário Hermes Magnus, vítima de José Janene, e o determinado e persistente editor do ucho.info, jornalista Ucho Haddad, não se intimidaram diante de pressões e ameaças e seguiram adiante nas denúncias sobre o esquema criminoso comandado pelo doleiro Alberto Youssef e seu bando.

Por viver em um país que ainda é uma democracia, Dilma tem o direito constitucional de externar seu pensamento, mesmo que desvirtuado e mentiroso seja, mas pode chamar para si a responsabilidade pela investigação que só avançou por causa da vontade de dois brasileiros patriotas que condenam com veemência a corrupção que vem corroendo de forma perigosa o País.

No momento em que afirma que não há qualquer acusação contra o governo, Dilma mostra a extensão da sua desfaçatez, pois o ex-diretor da Petrobras denunciou o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) e o ex-ministro Mario Negromonte (Cidades). Fora isso, a indicação de Paulo Roberto Costa para a diretoria da estatal se deu por exigência do finado José Janene, o que explica a lambança envolvendo partidos como PP, PMDB e PT. Não por acaso, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI), além dos deputados federais Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e João Pizzolati (PP-SC) tiveram os nomes citados entre os muitos beneficiários do esquema de desvio de dinheiro da empresa petrolífera nacional.

O rol de políticos culpados nesse caso é muito maior do que foi revelado pela revista Veja, que em sua mais recente edição trouxe matéria sobre o caso. De acordo com as contas feitas pelo editor do ucho.info, há pelo menos cinquenta deputados federais, doze senadores e três ministros envolvidos no crime que tem tudo para ser o maior escândalo de corrupção da história do País. Sempre lembrando que o conteúdo da reportagem de Veja não representa nem um décimo do que foi denunciado por Magnus e Haddad, assim como fica aquém de 1% do que ambos sabem sobre o escândalo.

Quando o ucho.info afirmou em recente matéria que a Operação Lava-Jato ainda haveria de subir a rampa do Palácio do Planalto, não o fez com base nas informações repassadas por Paulo Roberto Costa aos promotores e delegados federais, mas, sim, na esteira daquilo que o editor do site e o empresário gaúcho constataram no cenário criminoso que tinha como protagonistas o doleiro Youssef e o ousado Janene. Em suma, como se expedíssemos um aviso aos navegantes, o mar está revolto e o furacão ainda não chegou. Aguardem!

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