Lava-Jato: contadora de doleiro não revela novidade, mas confirma denúncia antiga do ucho.info

meire_poza_02Inventando a roda – A imprensa brasileira continua acreditando que é novidade toda e qualquer informação que surge do escândalo de corrupção que desaguou na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Muito longe de ser algo inusitado, as informações sequer servem para estampar manchetes. Isso porque o assunto foi dissecado pelo ucho.info ao longo dos últimos seis anos, sem que autoridades e veículos de comunicação dessem importância às nossas denúncias. Não fosse a disposição do Ministério Público Federal em considerar todas as informações aqui divulgadas, levadas ao órgão de maneira oficial, a Lava-Jato não teria existido.

A mais nova informação, incensada pela mídia como a grande revelação, é que Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e Alberto Youssef, o doleiro “globetrotter”, se encontravam na sede da GFD, empresa de fachada que supostamente era comandada pelo advogado Carlos Alberto da Costa, preso pela PF na Operação Lava-Jato. A revelação foi feita por Meire Bonfim da Silva Poza, contadora de Youssef, que depôs à Justiça na condição de testemunha.

Que Youssef e Costa se encontravam regularmente todos os leitores do ucho.info já sabiam, pois essa denúncia foi feita ainda em 2009, quando o esquema criminoso que agora está na imprensa nacional começava a funcionar como substituto do Mensalão do PT. Na época, o esquema comandado por José Janene (já falecido), Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa já começava a movimentar os recursos espúrios advindos da compra superfaturada da refinaria de Pasadena, no Texas, assunto que passou a movimentar o Congresso Nacional depois de declaração da presidente Dilma Rousseff.

Os encontros entre Youssef, Janene e Paulo Roberto Costa aconteciam em vários escritórios que serviam de base operacional para o esquema criminoso, todos localizados em áreas nobres da cidade de São Paulo, sendo que muitas das reuniões foram realizadas na sede da CSA Project Finance, empresa de fachada que servia para lavar dinheiro da corrupção. Em um dos encontros, na CSA, José Janene, emoldurado por sua conhecida petulância, perguntou a Carlos Alberto da Costa: “O cheque da empreiteira ‘X’ já foi compensado?”. Esse questionamento foi uma das primeiras provas de que o processo de superfaturamento de contratos começava a caminhar a passos largos dentro da Petrobras.

Em relação a Meire Poza, o ucho.info mantém a afirmação, feitas semanas antes, de que a contadora de Youssef deveria estar presa, independentemente de sua colaboração com as investigações. Há quem garanta que Poza teria brigado com o doleiro, por isso resolveu contar o que sabe, mas não se deve esquecer que a contabilista emprestou uma das contas bancárias de sua empresa para que Alberto Youssef recebesse o dinheiro imundo do esquema. Apenas esse motivo é mais do que suficiente para justificar sua prisão, que já teria ocorrido em qualquer país minimamente sério e com autoridades responsáveis.

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