Mesada de R$ 150 mil mensais paga por Youssef a André Vargas complica ainda mais a vida de Gleisi

gleisi_hoffmann_49Beira do precipício – Fecha-se cada vez mais o cerco contra Gleisi Hoffmann. Coordenador da fracassada campanha da senadora petista ao governo do Paraná, o agora cassado André Vargas surge em nova e grave denúncia, desta vez trazida pela revista Veja. De acordo com a publicação, Vargas recebia todos os meses, em seu apartamento funcional em Brasília (SQN 302, bloco H), uma mesada de R$ 150 mil, entregue pelo sistema “delivery” criado pelo doleiro Alberto Youssef, O dinheiro chegava a Vargas pelas mãos de Rafael Ângulo Lopez, que transportava o dinheiro amarrado ao corpo por filmes plásticos em voos comerciais.

De tal modo, é quase remota a possibilidade de Gleisi escapar desse novo escândalo alegando (como fez com o pedófilo Gaievski que levou para a Casa Civil) que desconhecia as atividades criminosas do auxiliar.

Além de André Vargas ser associado a Gleisi há muito tempo – ele coordenava campanhas do marido da senadora, o atual ministro Paulo Bernardo da Silva e na década de 90 ambos foram processados pela prática de caixa 2 – a própria senadora é apontada pelos delatores do Petrolão (Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa) como beneficiária de R$ 1 milhão do esquema da Petrobras.

Vargas foi cassado na última quarta-feira (10) por quebra de decoro parlamentar. O ex-petista, que mora em Londrina, viajou com a família, no início deste ano, para o Nordeste em jatinho fretado por Youssef. Ele também aparece nas gravações da Polícia Federal – que constam da Operação Lava-Jato – como intermediador da contratação da empresa Labogen, laboratório-lavanderia pertencente ao doleiro e criado para lesar o erário – pelo Ministério da Saúde.

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Vargas mantinha igualmente um serviço de “delivery” para alimentar financeiramente as campanhas do PT do Paraná, o que se comprova pelo fato de o ex-deputado aparecer como doador de todas as campanhas petistas no estado. Deputados estaduais e federais eleitos, além dos candidatos derrotados do partido, receberam recursos de Vargas. Gleisi Hoffmann também teve suas campanhas alimentadas por dinheiro de origem incerta doado por Vargas.

A mais grave denúncia de associação entre o marido de Gleisi, Paulo Bernardo, e André Vargas refere-se à campanha que reelegeu o petista Nedson Micheleti (PT) prefeito de Londrina, em 2004. O caso, de acordo com matéria do jornal “Folha de S. Paulo”, resultou em inquérito da Polícia Federal para apurar suspeita de caixa 2. O inquérito foi aberto a pedido do promotor eleitoral Sérgio Correia de Siqueira, da 41ª Zona Eleitoral, depois que Soraia Garcia, ex-colaboradora de campanha, procurou-o para denunciar sonegação de R$ 6,5 milhões nos gastos apresentados pelo comitê financeiro à Justiça Eleitoral.

Segundo Soraia, o caixa 2 recebeu colaboração do PT nacional, por intermédio do então deputado federal e atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo da Silva, que tem base político-eleitoral em Londrina, e do presidente do PT do Paraná, deputado estadual André Vargas. “Ela cita Paulo Bernardo e André Vargas como os caras que trariam o dinheiro para cá”, disse o promotor.

“O que ela fala é que eles [Bernardo e Vargas] chegavam de Brasília [e Curitiba] num dia e o dinheiro aparecia no outro.” Ainda de acordo com o promotor, a denunciante “não via dinheiro chegando com as malas”, mas no dia seguinte ela tinha de fazer duas planilhas de prestação de contas para lançar os gastos e fazer pagamentos. O dinheiro chegava acondicionado em sacos plásticos de lixo e em sacolas de estabelecimentos comerciais.

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