Esquerdista radical, Tsipras toma posse como novo primeiro-ministro da Grécia

alexis_tsipras_02Sob nova direção – Chefe do partido da esquerda radical Syriza, Alexis Tsipras tomou posse na tarde desta segunda-feira (26) como o novo primeiro-ministro da Grécia. A cerimônia aconteceu no momento em que chegava ao fim a contagem dos votos das eleições legislativas realizadas no domingo. No discurso, Tsipras prometeu servir o país e o interesse do povo grego.

A cerimônia de posse do novo primeiro-ministro, de 40 anos, aconteceu rapidamente – durou cerca de quinze minutos – e foi comandada pelo presidente grego, Carolos Papoulias, em Atenas.

“Servirei sempre à Grécia e ao interesse do povo grego”, declarou Tsipras, que não se rendeu à obrigatoriedade da gravata, acessório que se recusa a utilizar. Vestindo um terno azul escuro e uma camisa branca, o novo primeiro-ministro jurou com a mão sobre a Constituição, mas não sobre a Bíblia, porque é ateu.

O ato foi interpretado como uma atitude de não submissão de Tsipras, apesar de a maioria dos gregos serem cristãos ortodoxos. E também mostra a postura firme do premiê que se diz inflexível às exigências da troika de credores (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia) e garante que vai renegociar a dívida de € 320 bilhões da Grécia.

Depois da cerimônia oficial, Tsipras visitou o muro dos fuzilados de Kesariani, nos arredores de Atenas, onde 200 comunistas foram executados em 1944 pelos nazistas.

Resultado final

A contagem de votos terminou oficialmente às 14h local. Os resultados oficiais apontam que o Syriza ficou com 36,34% dos votos e 149 cadeiras das 300 do Parlamento grego. O partido de Tsipras obteve 8,53 pontos a mais que o conservador Nova Democracia, que chegou em segundo lugar (27,81%) e 76 deputados.

Em terceiro lugar, o neonazista Aurora Dourada conseguiu com 6,28% dos votos e 17 cadeiras. To Potami foi o quarto partido mais votado com 6,05% das escolhas e 17 deputados.

Em quinto lugar, o comunista KKE obteve 5,47% dos votos e 15 deputados. Já a legenda Gregos Independentes, agora aliada de Tsipras, ficou com 4,75% dos votos e serão representados por 13 deputados. Em última posição, os socialistas do Pasok obtiveram com 4,68% das escolhas e ocuparão 13 cadeiras no Parlamento grego.

Futuro da Grécia na zona do euro

Com a vitória, o Syriza se tornou o primeiro partido contrário às políticas de austeridade a vencer uma eleição na Europa. Já Tsipras, de 40 anos, é o primeiro-ministro mais jovem da história da Grécia.

O resultado das urnas é visto como decisivo para a futura política social e econômica do país, altamente endividado. O líder do Syriza exige um corte da dívida, algo que os credores da chamada troika – União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu – rejeitam categoricamente.

Em pronunciamento feito no domingo em Atenas, Tsipras afirmou que o país vai trabalhar junto a seus credores em busca de uma saída “viável” para a dívida de cerca de 300 bilhões de euros, mas que está determinado a deixar para trás o “desastroso programa de austeridade”.

Nos bastidores

Apesar dos discursos contra o regime de austeridade fiscal e monetária imposta pela União Europeia, após polpudos socorros financeiros, Tsipras abusa do populismo barato e do pauperismo, o que lhe dá uma aura de suposta simpatia. O novo premiê Greco vive modestamente no centro de Atenas, com a esposa, que conheceu na infância, e seus dois filhos. Amante de motocicletas, Tsipras gosta de se misturar com a multidão, reflexo de todo político que surge à sombra da bóia de salvação que todo esquerdista gosta de exibir. No trato pessoal, Alexis Tsiprasé afável e direto, mas pode tornar-se duro quando o assunto é representar uma nova maioria.

O novo comandante da Grécia não deixou dúvidas sobre sua disposição de se aliar, caso necessário, com o partido ultradireitista Gregos Independentes, como de fato ocorreu. Ambos os partidos estão unidos por uma retórica afiada contra as medidas de austeridade e uma atitude mais crítica em relação à Alemanha, o principal esteio da chamada zona do euro.

A grande questão que resta é se Tsipras permanecerá preso a sua própria retórica ou dará uma guinada. Observadores atentos não deixaram de perceber que o político de esquerda passou nas últimas semanas a se expressar em tons mais suaves, dando garantias explícitas de que não aspira definir quaisquer medidas unilaterais. Mesmo equilíbrio orçamentário é coisa com que os políticos do Syriza parecem estar agora começando a simpatizar. (Com agências internacionais)

apoio_04