Grécia: Alexis Tsipras afirma que não “se submete” à UE e exige acordo “justo”

(M. Djurica - Reuters)
(M. Djurica – Reuters)
Corda esticada – O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, declarou nesta quarta-feira (28) que não deseja entrar em confronto com os credores do país, mas também não pretende continuar a “política de submissão” dos governos anteriores.

Ele exigiu um acordo “justo” com os credores e disse que busca uma solução viável, que beneficie ambos os lados para a “catástrofe humanitária” que a Grécia enfrenta, resultado de uma série de medidas de austeridade que é a contrapartida para o bilionário programa de resgate do país.

“Nosso povo já sofreu muito e exige respeito. Temos de sangrar para defender a sua dignidade”, declarou Tsipras, na primeira reunião com o seu gabinete de ministros, em Atenas. Os credores do país são a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, que bancaram um programa de resgate de 240 bilhões de euros para a Grécia.

Tsipras também anunciou que o novo governo – segundo ele, “de salvação social” – vai “acabar com o clientelismo político e a corrupção” e iniciar reformas que não puderam ser feitas em 40 anos. “Estamos aqui para acabar com o clientelismo político e com a corrupção e para pôr fim ao Estado que funcionava contra os interesses da sociedade”, afirmou.

Antes, o novo governo havia anunciado a suspensão da privatização do porto de Pireu, que uma empresa chinesa pretendia transformar num dos principais da Europa. O ministro da Energia, Panayiotis Lafazanis, anunciou que o governo também vai suspender imediatamente o processo de privatização da maior empresa de energia do país, controlada pelo Estado.

O ministro alemão da Economia, Sigmar Gabriel, apelou ao novo governo da Grécia para que mantenha os acordos firmados e seja justo com os cidadãos dos demais países da União Europeia. Segundo o ministro, os contribuintes dos demais países bancaram o programa de resgate dos gregos, e têm agora todo o direito de esperar que os acordos sejam cumpridos. Ele descartou um novo corte na dívida da Grécia.

Papel carbono

O discurso do primeiro-ministro Alexis Tsipras é tão verdadeiro quanto os dos também esquerdistas Luiz Inácio da Silva, Hugo Chávez Frias e Micolás Maduro. Todos, sem exceção, venderão aos respectivos eleitores a falsa ideia de que o socialismo é a solução derradeira para o universo, mas esqueceram de cumprir o que prometeram. Embalados pela corrupção, passaram a viver como nababos, deixando de lado as necessidades dos mais necessitados.

Tsipras não foge à regra e tenta convencer os gregos de que a bandeira do esquerdismo poderá salvar a humanidade. Essa receita não funcionou no Brasil, que está à beira de uma grave crise econômica, como fracassou na Venezuela, que derrete dia após dia no vácuo de um cenário econômico e institucional sem qualquer perspectiva de melhora. Com frases de efeito, assim como seus “companheiros” latino-americanos de esquerdismo. Tsipras corre o risco de repetir o que fizeram seus antecessores, mas com direito ao populismo barato.

Com uma eventual renegociação da dívida grega, Alexis Tsipras poderá exibir à população local uma suposta melhora na economia do país, mas esse castelo de areia há de desmoronar com a primeira ventania que soprar nas águas azuis do litoral da Grécia. O primeiro-ministro vive a euforia de uma vitória eleitoral embalada pela promessa de mudança, até que a primeira dificuldade surja no caminho.

O grande equívoco cometido no espectro da União Europeia foi aceitar no bloco países com realidades econômicas distintas, o que exigiu um alinhamento por cima. Isso fez com que a economia de muitos países da UE fosse colocada de cabeça para baixo em questão de meses, apenas porque as regras do bloco assim exigiam. A partir do momento que uma nação aceita integrar um bloco econômico, concordando com suas regras, não há como recuar posteriormente apenas porque o assunto não foi discutido e analisado de forma adequada. Era dever dos gregos vetar o ingresso do país na União Europeia, mas erraram de forma grave ao endossar a decisão dos governantes de aderir ao bloco. (Com agências internacionais)

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