Malásia, Indonésia e Tailândia rejeitam imigrantes e 6 mil estão à deriva no mar

zeid_al-hussein_01Humanidade zero – De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 6 mil imigrantes bengalis (grupo étnico dividido entre a Índia e Bangladesh) e rohingyas (minoria muçulmana concentrada, principalmente, em Mianmar), continuam à deriva em condições muito precárias no mar do sudeste asiático.

O órgão criticou a iniciativa de Malásia, Indonésia e Tailândia, que adotaram “uma política de devolução ao mar” de embarcações ilegais. Zeid Ra’ad al-Hussein, alto-comissário de Direitos Humanos da ONU, inclusive, pediu aos governos desses três países que “atuem rapidamente para proteger as vidas dos imigrantes”.

Hussein chegou a agradecer a Indonésia por ter permitido há cinco dias o desembarque de 582 imigrantes e a Malásia por ter feito o mesmo com 1.018 ilegais. Contudo, ele lhes advertiu que impedir agora a chegada ou se negar a resgatar embarcações repletas de pessoas é o mesmo que pôr suas vidas em perigo.

O comissário disse estar consternado com as últimas informações de que Malásia, Indonésia e Tailândia devolveram embarcações de imigrantes para o mar aberto, impedindo-os de se aproximar de seu litoral. “Tais ações vão levar, necessariamente, a várias mortes que poderiam ter sido evitadas”, alertou.

Ele chamou de “incompreensível e desumana” a ação da Marinha tailandesa de distribuir água e comida em uma embarcação na qual se encontram centenas de pessoas “em condições abjetas”, assim como combustível para que saiam de suas águas territoriais.

A ONU ainda criticou as ameaças feitas por países da região de “criminalizar” imigrantes e solicitantes de asilo vulneráveis e que entraram de maneira irregular. “Os governos do Sudeste Asiático devem responder a esta crise partindo do princípio de que os imigrantes, independentemente de seu status legal, da maneira em que cruzaram as fronteiras ou de onde vêm, são pessoas com direitos que devem ser respeitados”, disse o representante do órgão.

Hussein ressaltou que colocá-los em centros de detenção não é uma solução e que por outro lado é preciso concentrar os esforços contra os traficantes de pessoas.

Estima-se que em 2014 cerca de 53 mil imigrantes partiram por mar de Bangladesh e Mianmar, onde a minoria muçulmana rohingya é perseguida e vive em condição de apátrida, visto que o governo rejeita reconhecê-los como nacionais. (Por Danielle Cabral Távora)

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