Dilma diz ao “The Washington Post” que sofre preconceito por ser mulher e por seu modo de governar

dilma_rousseff_508Camisa de força – Em entrevista publicada na quinta-feira (25) no site do jornal “The Washington Post”, a presidente Dilma Rousseff respondeu com indignação à afirmação de que dizem que ela é uma “micromanager” (termo em inglês que designa um chefe muito controlador): “alguma vez você já ouviu alguém dizer que um presidente do sexo masculino coloca o dedo em tudo?”.

A petista ainda ressaltou: “eu acredito que há um pouco de preconceito sexual, ou viés de gênero. Sou descrita como uma mulher dura e forte que coloca o nariz em tudo, e eu estou [me dizem] cercada por homens muito bonitos”.

Dilma afirmou também que sua baixa taxa de aprovação, que chegou a 10%, de acordo com a última pesquisa do Datafolha, contra 65% de reprovação, preocupa, porém não chega a ser motivo para “arrancar os cabelos”. “Você tem que viver com as críticas e com o preconceito”.

Sobre o ajuste fiscal e os cortes no orçamento, a mandatária brasileira disse que as medidas não são do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mas de seu governo. “Estamos absolutamente certos de que é essencial colocar em prática todas as medidas necessárias, não importa quão duro eles são, para retomar as condições de crescimento”.

Questionada pelo tabloide norte-americano se em algum momento do primeiro mandato pensou que o País não ia bem, Dilma respondeu que houve um agravamento da situação econômica no final de 2014, bem como uma queda na arrecadação de receitas por parte do governo.

A presidente declarou que o governo prevê uma situação “muito melhor” no próximo ano, quando o Brasil crescerá a “taxas normais”, citando projeção do FMI de altas de 3,5% ao ano no PIB mundial.

Sem citar nominalmente o governo do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, Dilma disse que “fomos capazes de colocar 50 milhões de pessoas na classe média” e que espera conseguir reduzir a desigualdade até o final de seu mandato, ao mesmo tempo em que afirmou não acreditar que manifestantes tomem as ruas novamente caso o desemprego aumente.

“É claro que eu me preocupo com isso [aumento do desemprego], estou preocupada com isso desde o primeiro dia. Houve um aumento do desemprego nos últimos dois meses. Mas antes disso, já tínhamos criado 5,5 milhões de empregos. Queremos um ajuste [fiscal] rápido, porque queremos reduzir o efeito do desemprego.”

Para Dilma, a taxa atual de desemprego – que em maio foi de 6,7% nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE – não é alta.

É importante destacar que Dilma embarca no próximo domingo (18) para os Estados Unidos, onde se reunirá com o presidente Barack Obama. A petista defendeu uma parceria na agenda de mudança climática entre os dois países e o estreitamento de laços em ciência, tecnologia e inovação, além de cooperação na área da educação.

Ainda segundo a entrevista, Dilma disse estar pronta para selar um acordo comercial com os Estados Unidos, mas não descartou o Mercosul – “uma grande conquista” – e disse ser importante tem relações comerciais com diversos países, citando a China e os EUA.

Questionada sobre o relacionamento do Brasil com a África, disse que o país sempre irá desempenhar um papel ativo no continente devido a uma “dívida social e cultural” com a região causada pela escravidão.

“Cinquenta e dois por cento da população brasileira se declara de origem negra. Nós nos vemos como o maior país negro fora da África. As nossas relações com a África são, em última instância sobre a reabilitação de nossa história passada.”

Quando o assunto foi o escândalo na Petrobras, a presidente afirmou ao jornal que apoia totalmente as investigações e que, enquanto esteve na presidência do conselho de administração da estatal, não tinha ideia dos atos de corrupção praticados contra a empresa. “Você não costuma ver a corrupção acontecendo. Isso é típico da corrupção – ela se esconde”.

Dilma também negou que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) esteja envolvido no esquema.

Quando alguns adversários políticos do governo afirmam que o caso da presidente é de internação, nem sempre a declaração está eivada de exagero, pois Dilma explicita essa necessidade ao no rastro de declarações absurdas, como as dadas ao “The Washington Post”. A tese da discriminação de gênero é mais um lampejo de oportunismo de Dilma, que tenta com essa declaração retomar a confiança das mulheres brasileiras. Porém, a petista precisa ser alertada por seus assessores mais próximos sobre o perigo da vitimização, que normalmente, ao final da encenação, produz efeitos negativos devastadores e perenes.

No que tange ao fato de o governo do PT ter inserido aproximadamente 50 milhões de pessoas na classe média, trata-se de uma mentira descomunal por parte de Dilma, que prefere dourar a pílula a encarar a realidade como de fato é. Somente irresponsáveis são capazes de acreditar em uma declaração desse naipe, pois sabe-se que o conceito de classe média brasileira precisou ser reinventado às pressas pelo Palácio do Planalto como forma de evitar uma rebelião dos que foram enganados por Lula e mergulharam de cabeça no oceano do consumismo.

Lula, com o apoio de Dilma, classificou a crise internacional (2008-2009) como “marolinha” e incentivou os brasileiros a aumentarem os níveis de consumo, como se essa estratégia tivesse longa duração e fosse a solução mágica para aquecer a economia de um país que é refém de um governo incompetente, corrupto, perdulário e paralisado.

Dilma pode até não saber, mas mitomania é um desvio de conduta grave, que chega a ser classificado como doença a depender do estágio, mas bons psiquiatras e um punhado de medicamentos “tarja preta” resolvem o problema.

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