Lava-Jato: dono da UTC e delator da operação da PF arrasta filho de José Dirceu para o furacão

zeca_dirceu_03Mais um – O petista José Carlos Becker de Oliveira e Silva, o Zeca Dirceu, herdou do pai, José Dirceu, hábitos aparentemente regrados e o costume de falar pouco. No plenário da Câmara dos Deputados, Zeca aparece apenas quando necessário, mas suas incursões no local diminuíram depois dos seguidos escândalos de corrupção que alcançaram o pai, condenado no Mensalão do PT e preso na esteira da Operação Lava-Jato. No horário do almoço, enquanto no Parlamento, Zeca Dirceu normalmente faz suas refeições sem qualquer companhia. Não se sabe se esse comportamento é fruto do temperamento recluso ou reflexo dos “companheiros” que querem distância de confusões, já que o enxergam como extensão do ex-chefe da Casa Civil e agora réu no Petrolão.

Como se fosse pouco, Zeca Dirceu agora foi arrastado para o olho da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que desmontou o maior esquema de corrupção da história, que durante uma década sangrou ininterruptamente os cofres da Petrobras. Esse novo cenário decorre de declaração de Ricardo Pessôa, dono da empreiteira UTC, que afirmou ter doado em 2010, a pedido de José Dirceu, R$ 100 mil para a campanha de Zeca (PT-PR).

“Atendendo a pedido de José Dirceu em 2010, fez uma contribuição oficial para a campanha do filho dele para o cargo de deputado federal no valor de R$ 100 mil”, afirmou Pessôa, em termo de delação feito na Procuradoria Geral da República, em 28 de maio.

Na terça-feira (15), para complicar, José Dirceu tornou-se réu em ação penal da Operação Lava-Jato, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Preso desde 3 de agosto, Dirceu, de acordo com o Ministério Público Federal, teria usado sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, para camuflar o recebimento de receber propinas do esquema de desvios e contratos superfaturados na Petrobrás, que funcionou na estatal entre 2004 e 2014, com a anuência e o conhecimento do staff do Palácio do Planalto.

Por outro lado, aumentando o calvário que paira sobre o clã Oliveira e Silva, Zeca Dirceu declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o recebimento de R$ 1,5 milhão em doações, contabilidade referenta à campanha de 2010. A doação feita pela UTC (R$ 100 mil) não consta da prestação de contas do petista entrega ao TSE. Segundo registros oficiais, o mencionado valor foi repassado, em 17 de setembro daquele ano, para o Comitê Financeiro Único do PT no Paraná, que no dia 22 repassou R$ 100 mil para a campanha de Zeca Dirceu.

Na disputa eleitoral de 2010, José Carlos Becker de Oliveira e Silva foi eleito deputado federal pelo PT do Paraná com 109 mil votos, sendo o segundo mais votado do partido no estado sulista. “Este pedido foi muito antes dos contratos de consultoria com José Dirceu”, acrescentou Ricardo Pessôa em sua delação. “Não abateu esta contribuição de qualquer valor devido, seja ao PT ou a José Dirceu”, completou.

Avançando em seus depoimentos, o dono da UTC, um dos principais delatores da Lava-Jato, confessou ter pago R$ 1,4 milhão a Dirceu em troca de consultorias no Peru, em 2012,. Fora isso, Pessôa disse que pagou mais R$ 1,7 milhão como ‘ajuda’, quando o ex-comissário palaciano já estava condenado na Ação Penal 470 (Mensalão do PT) e preso no complexo da Papuda, em Brasília.

“Como José Dirceu já estava envolvido com o processo do Mensalão, Luiz Eduardo (irmão do ex-ministro e sócio), em certa data, veio procurar o declarante pedindo um aditivo ao contrato”, registrou a Procuradoria-Geral da República. “Luiz Eduardo afirmou que a JD estava passando por dificuldades financeiras”, revelou Ricardo Pessôa.

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