Lava-Jato: ex-vereador do PT diz que dividia “pixulecos” com Paulo Bernardo, marido de Gleisi

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Mais novo delator da Operação Lava-Jato, o advogado e ex-vereador petista Alexandre Romano, o Chambinho, afirmou em seus depoimentos que dividia propinas decorrentes de contratos do Ministério do Planejamento com o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, marido da senadora Gleisi helena Hoffmann (PT-PR), e com o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, entre 2010 e 2012. Os valores eram divididos em partes iguais, teria afirmado Chambinho às autoridades da força-tarefa da Lava-Jato.

Preso na Operação Pixuleco II, décima oitava fase da Lava-Jato, Chambinho informou ainda que, depois de 2012, o ex-ministro da Previdência Carlos Gabbas, aquele que passeou de moto em Brasília levando a presidente Dilma Rousseff na garupa, também passou a se beneficiar do esquema.

Investigadores que participam da operação que desmontou o maior esquema de corrupção da história dizem que os desvios no Planejamento, que ocorreram desde 2010, chegam a R$ 51 milhões. Foi nesse ano que a pasta contratou, sem licitação, a empresa Consist para avaliar para os bancos a capacidade financeira de funcionários da pasta para a contratação de empréstimos consignados. À época, Paulo Bernardo era o ministro.

A Consist contratava escritórios de advocacia em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre e o valor que a empresa pagava aos mesmos era repassado a petistas. Um e-mail apreendido pela Polícia Federal aponta que Paulo Bernardo indicava o que deveria ser feito com os recursos. Um motorista de Gleisi Hoffmann foi pago com dinheiro do esquema, segundo a PF. O advogado curitibano Guilherme Gonçalves, militante petista, pagava o salário do motorista de Gleisi e outras despesas do casal, é investigado pela suspeita de ter operado como laranja do esquema.

Alexandre Romano é considerado personagem-chave para a apuração do caso, pois era o responsável pelo recebimento de recursos da Consist, em São Paulo. O acordo foi fechado com a Procuradoria-Geral da República, em Brasília, porque Romano cita políticos em sua delação, como a senadora paranaense.

O suposto esquema no Planejamento começou a ser investigado pela Operação Lava-Jato, mas o Supremo decidiu mandar o inquérito para a Justiça Federal de São Paulo por entender que não há conexão com o escândalo da Petrobras.

Detentora de foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado, Gleisi está sendo investigada pelo STF. Já o processo contra Paulo Bernardo, que não ocupa cargo público na máquina federal e está desempregado desde que sua mulher perdeu a eleição para o governo do Paraná no ano passado, corre na Justiça Federal de São Paulo.

Segundo outro delator da Lava-Jato, o lobista Milton Pascowitch, a Consist pagou R$ 10,7 milhões ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para conseguir o contrato no Planejamento. O ministério rompeu o acordo com a Consist depois que os investigadores apontaram o desvio.

Romano estava preso desde 13 de agosto em Curitiba, mas foi libertado no último sábado (17) no vácuo de acordo e ficará em prisão domiciliar, com direito a monitoramento por tornozeleira eletrônica.

O ex-ministro Paulo Bernardo e o PT não quiseram se manifestar sobre as acusações de Alexandre Romano.O ex-ministro Carlos Gabbas nega ter recebido recursos ilegais. O advogado de João Vaccari Neto, Luiz Flávio Borges D’Urso, diz que seu cliente só recebia doações legais. O advogado de Romano, Antonio Augusto Figueiredo Basto, diz que seu cliente não fez acordo de delação.

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