Passado o sofrimento da análise dos vetos, Dilma assume a articulação política do governo

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Depois do susto provocado pelo apertado placar que manteve o veto ao reajuste dos servidores do Judiciário, a presidente Dilma Rousseff chegou à conclusão de que os ministros encarregados da articulação política do governo não dão conta do recado. Por isso, a petista decidiu assumir as negociações com deputados e senadores, já que a chamada base aliada está muito mais rebelada do que esperavam os palacianos.

Decidida a mudar o quadro de incertezas que reina no Congresso Nacional, Dilma avisou aos integrantes do núcleo duro do governo que adotará a mesma estratégia que lhe permitiu esvaziar a tese do impeachment, que em agosto passado avançava a passos largos no Parlamento. De tal modo, a presidente deverá, a partir de agora, reunir-se sistematicamente com parlamentares dos partidos que dão sustentação ao governo.

A decisão surgiu depois que o Palácio do Planalto fez um mapeamento da votação que manteve o veto ao reajuste dos servidores do Judiciário. De acordo com o levantamento palaciano, as traições surgiram em várias legendas, como PDT, PP, PTB e PSD.

Nos encontros que terá com deputados e senadores, a presidente cobrará apoio dos parlamentares que, direta ou indiretamente, foram beneficiados com cargos na recente reforma ministerial. O objetivo principal das futuras reuniões é convencer os parlamentares a aprovarem o retorno da malfadada CPMF, cuja receita o governo já conta para as despesas do próximo ano. Acontece que o retorno da CPMF dificilmente passará no Congresso, principalmente em 2016, ano de eleições municipais. E nenhum político conseguirá subir no palanque com esse incômodo carimbo.

Na primeira tentativa, Dilma tentou marcar um jantar, na quarta-feira (18), com parlamentares do PDT, mas o prolongamento da análise dos vetos presidenciais obrigou a petista a adiar o rega-bofe, que deve acontecer na próxima semana.

Apesar de ter saído ileso da votação da chamada “pauta-bomba”, o governo sentiu na pele o risco que corre no Congresso Nacional, já que a base governista está cada vez mais rachada e a caminho de uma intifada. Esse cenário mostra que Dilma terá muito trabalho para aprovar matérias atreladas ao projeto de equilíbrio fiscal. Afinal, nos últimos dias houve traições de vários partidos, como PMDB, PSD, PP, PDT, PRB e PTB. Até mesmo no PT surgiram traidores. Chegar a essa conclusão não é tarefa difícil, pois basta somar as bancadas do PT e do PMDB para saber que há muito mais traidores do que aliados.

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