Washington Post afirma que mentor dos ataques em Paris foi morto na caçada policial em Saint-Denis

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Ligado ao Estado Islâmico e acusado de ser o líder do grupo que promoveu os atentados terroristas em Paris na última sexta-feira (13), o belga Abdelhamid Abaaoud, 27 anos, foi morto na megaoperação da polícia francesa em Saint-Denis, cidade localizada ao norte da capital francesa.

Investigadores seguiram pistas a partir de um celular encontrado em lixo próximo à casa de shows Bataclan, onde dezenas de pessoas morreram em um dos atentados. A informação sobre a morte de Abaaoud é do jornal norte-americano “The Washington Post”, que cita como fonte dois agentes da inteligência europeia que acompanham as investigações. Autoridades francesas não confirmam a informação, alegando que até agora não foi possível identificar os dois terroristas mortos durante a ação da manhã de quarta-feira (18).

Nascido em Moleenbeck, na Bélgica, e de ascendência marroquina, Abdelhamid Abaaoud integra as fileiras do Estado Islâmico e estava na Síria desde 2013, sob o nome de Abu Omar Al-Baljiki. Ele é um velho conhecido da imprensa belga, pois foi tema, em 2014, de diversas reportagens por recrutar o irmão caçula, de 13 anos, para lutar pelo Estado Islâmico. O caso provocou comoção no país, que apelidou o adolescente de “o mais jovem jihadista na Síria”.

Em julho, Abaaoud foi julgado por uma corte da Bélgica e condenado à revelia a 20 anos de prisão por recrutar combatentes para as fileiras do EI. O terrorista belga também apareceu recentemente em um vídeo divulgado pelo EI conduzindo uma picape que carregava quatro corpos mutilados em área dominada pelo grupo.

Em fevereiro de 2015, a revista “Dabiq”, um dos mais importantes veículos de comunicação sob o comando do EI, publicou extensa entrevista com Abaaoud, na qual ele declarou ter planejado ataques na Bélgica. Em vídeo divulgado em 2014, Abaaoud declarou: “Por toda a minha vida eu vi o sangue dos muçulmanos ser derramado. Eu rezo para que Alá destrua e extermine todos que se oponham a ele”.

Em janeiro deste ano, Abaaoud já havia sido apontado por autoridades belgas como um dos chefes da célula terrorista de Verviers (leste da Bélgica) que foi desbarata em uma operação policial. Na ocasião, dois suspeitos foram mortos.

De acordo com a revista francesa “Le Nouvel Observateur”, a polícia da França já conhecia Abaaoud, já que seu nome constava de diversas investigações. Em agosto deste ano, um homem identificado como Reda H. foi preso pela polícia francesa após voltar da Síria. Em depoimento, ele contou que havia recebido a missão de atacar uma casa de concertos na França e apontou que o plano fora arquitetado por Abdelmahid Abaaoud.

Ainda segundo a imprensa francesa, o nome de Abaaoud apareceu nas investigações de outros atentados frustrados, como o de um ataque a uma igreja de Villejuif em abril – na ocasião, um terrorista argelino que planejava chacinar membros de uma congregação matou uma mulher, mas não conseguiu seguir com o ataque após atirar acidentalmente no próprio pé.

Autoridades afirmaram que Abaaoud foi também citado nas investigações do ataque, em agosto, ao trem de alta velocidade Thalys, que fazia a rota Amsterdã-Paris. O ataque foi impedido por um grupo de passageiros que dominou um terrorista armado com um fuzil.

O “Le Nouvel Observateur” cita também que Abaaoud manteve contato com Mehdi Nemmouche, o atirador do Museu Judaico em Bruxelas, em maio do ano passado e que ele conhecia pessoalmente um dos irmãos Abdeslam, suspeitos de participação nos ataques em Paris.

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