Captagon: droga sintética produzida na Síria é a arma secreta dos jihadistas do Estado Islâmico

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Ainda são desconhecidos os resultados dos exames toxicológicos feitos nas seringas encontradas pela polícia francesa no apartamento utilizado pelos terroristas do Estado Islâmico em Saint-Denis, ao norte de Paris, mas é possível que os jihadistas tenham usado, antes dos ataques de 13 de novembro, uma substância tóxica que inibe a dor e a sensação de medo.

Trata-se de uma combinação de anfetaminas, conhecida entre os jihadistas como Captagon. Os relatos de quem conhece os efeitos dessa droga, comum entre os terroristas que se escondem debaixo do Islã, são assustadores: “Provoca euforia. Não te deixa dormir, não comes e ficas cheio de energia”, disse um psiquiatra libanês à revista Time.

Quem conseguiu sobreviver aos recentes ataques terroristas protagonizados na capital francesa são igualmente assustadores: assassinos calmos e frios, sem sinais físicos de perturbação – seja quando atiram para matar, seja na hora de se fazerem explodir.

Desta forma foram descritos os terroristas de Paris, o que, associado à descoberta de várias seringas no apartamento por onde passou um dos atiradores, Salah Abdeslam (o único dos oito jihadistas que ainda está vivo e foragido), fez aumentar a suspeita de que os criminosos estavam sob o efeito de Captagon no momento dos ataques.

Destemor em comprimidos

Mistura de anfetaminas (cloridrato de fenetilina) e cafeína, cada dose de Captagon custa entre 5 e 20 euros e o consumo dessa substância tem aumentado de forma exponencial na Síria, país que se tornou o seu principal produtor.

Usado por soldados e adversários do regime do ditador Bashar al-Assad, o Captagon circula entre os militantes do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) – o que lhe garante o título de “a droga dos jiadistas” – e pode ser ingerida por via oral ou intravenosa, método que potencializa os seus efeitos.

O Captagon começou por ser produzido nos anos de 1960 no Ocidente como medicamento de uso geriátrico e pediátrico, no tratamento de doenças como hiperatividade, narcolepsia e depressão, mas foi proibido em 1986 pela Organização Mundial de Saúde por criar dependência. Passou então a ser preparado clandestinamente e com algumas alterações na sua composição, sendo reforçado o composto afetamínico, com o aumento da dose de cafeína.

Como droga, a substância tornou-se também muito popular entre os jovens ricos do Golfo, que fazem circular o Captagon em festas comemorativas.

Realeza saudita

Recentemente, o príncipe saudita Abdel Mohsen Bin Walid Bin Abdulaziz foi detido no aeroporto de Beirute, capital do Líbano, depois de ter sido encontrado em avião de sua propriedade um carregamento com 40 caixasde drogas, que incluía cocaína e Captagon.

“É um estimulante que gera ausência de dor e empatia”, afirma o psiquiatra Dan Velea, especializado em dependência química. “Na maioria dos casos ela é consumida em forma de comprimidos, mas também pode ser injetada por via intravenosa e nesse caso o resultado final é multiplicado e é mais rápido”, explicou.

De acordo com informações da Interpol, além da Síria, outros países despontam como produtores do Captagon: Bulgária, Sérvia, Montenegro e Eslovênia. A distribuição da droga é dominada pela máfia turca.

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