“Momento de travessia”: economistas preveem PIB negativo e inflação acima do teto da meta em 2016

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Ao contrário do que afirma a presidente Dilma Rousseff acerca da crise econômica que chacoalha o Brasil – a petista diz que trata-se de um “momento de travessia” – a economia dá claros sinais de que o calvário do brasileiro não terminará tão cedo.

Consultados pelo Banco Central, como acontece semanalmente, os economistas das cem maiores instituições financeiras em atividade no País revisaram para baixo o cenário econômico, que há muito tira o sono da população. De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (23), a expectativa é de que em 2016 a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), encerre o ano em 6,64%, 0,14 ponto porcentual acima da previsão anterior.

Para 2015, a projeção para o mais temido fantasma da economia também piorou, com avanço de 10,33%, contra 10,04% da previsão da semana antecedente. Ou seja, neste ano, que está em suas derradeiras semanas, a inflação ficará muito longe do centro (4,5%) do plano de metas estabelecido pelo governo. O mesmo deve se repetir em 2016.

Na seara da taxa básica de juro (Selic), a expectativa também é ruim em relação ao próximo ano. De acordo com os especialistas do mercado, a Selic deve despedir-se de 2016 na casa de 13,75%, ante 13,25% na semana anterior. Em relação ao corrente ano, a aposta ficou mantida em 14,25%, mesmo com a reunião do Comitê de Polícia Monetária (Copom) agenda para esta semana, a última de 2015.

O cenário econômico torna-se ainda mais assustador com a expectativa de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), que em 2015 deve registrar contração de 3,15%, contra 3,10% da previsão anterior. Há quem aposte em PIB negativo próximo de 4,0%. Para 2016, os economistas preveem retração de 2,01%, ante 2,0%.

O Boletim Focus revelou também que a expectativa para a alta dos preços administrados aumentou 0,43 ponto porcentual em 2015, chegando a 17,43%. Contudo, para 2016 não houve alteração na projeção de avanço de 7%, o que não permite comemorações, pelo contrário.

Os números revelados pelo boletim do BC mostram de forma inequívoca a incapacidade do governo de conter a inflação, mesmo com a economia em recessão. Esse cenário decorre da incompetência dos palacianos diante de um nó econômico sem precedentes, que mescla inflação alta e resistente, juro elevado, desemprego em alta, queda do poder de compra do salário, falta de investimentos em infraestrutura e desconfiança dos empresários e dos investidores. Enquanto isso, o Palácio do Planalto tropeça em suas seguidas tentativas para aprovar o pacote de ajuste fiscal.

A situação deve ficar pior, pois Dilma Rousseff e os integrantes da equipe econômica continuam contando com os recursos da CPMF para equilibrar as descontroladas contas do governo, mas é importante ressaltar que o retorno do malfadado “imposto do cheque” não será aprovado no Congresso Nacional. Em outras palavras, a crise deve piorar muito e sem chance de acabar no curto prazo.

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