Lava-Jato: pressionado, ministro da Justiça deve deixar o cargo e assumir a Advocacia-Geral da União

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Finalmente o ministro José Eduardo Martins Cardozo decidiu deixar o Ministério da Justiça. Na tentativa de mantê-lo no governo, a presidente Dilma Rousseff deve convidar o ministro para assumir o comando da Advocacia-Geral da União (AGU).

Ligado a Jaques Wagner, ministro-chefe da Casa Civil, o procurador baiano Wellington César vem ganhando musculatura na disputa para substituir o atual titular da Justiça. A grande questão nessa troca de cadeiras é que o PT, assim como alguns partidos da chamada base aliada, quer que o próximo titular da pasta controle as ações da Polícia Federal, em especial na seara da Operação Lava-Jato.

Em outras ocasiões, Cardozo já ameaçou pedir demissão. A saída do ministro, se confirmada, se dará em um dos momentos mais delicados do governo Dilma, que se encontra diante de uma artilharia de denúncias de corrupção envolvendo a campanha eleitoral da petista, situação que piorou sobremaneira depois da prisão do marqueteiro João Santana. A presidente está cada vez mais isolada e distante até mesmo do PT, anda seu partido.

José Eduardo Cardozo deixa o cargo também na semana em que novas e bombásticas delações premiadas podem ocorrer na Lava-Jato. Há rumores de que estariam sendo preparadas buscas e apreensões em propriedades ligadas ao ex-presidente Lula e a seus familiares.


De acordo com revelações de amigos próximos ao ministro, nas últimas semanas a pressão sobre Cardozo, vinda do PT e de partidos da base do governo, chegou a limites “intoleráveis”.

Nesse cenário de pressões de diversas fontes, na opinião do lobista-palestrante Lula o ministro da Justiça é o único responsável pelo avanço das investigações que atingem o coração do PT e o Palácio do Planalto, resultado do não controle da PF.

Alvo de críticas de vários setores da política nacional, assim como de empresas investigadas na Lava-Jato, o ministro entende que no momento sua saída do Ministério da Justiça é mais útil ao governo do que sua permanência no cargo.

No caso de a saída de Cardozo ser confirmada, a Operação Lava-Jato não sofrerá qualquer ingerência do novo ministro, já que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal estão firmes no propósito de avançar com as investigações sobre o Petrolão, o maior escândalo de corrupção da História e que durante uma década funcionou de forma deliberada na Petrobras.

Diante das notícias da saída do ministro da Justiça, a Associação dos Delgados de Polícia Federal (ADPF) divulgou nota externando preocupação com a possível demissão de José Eduardo Cardozo.

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