Cunha pode renunciar à presidência da Câmara diante da possibilidade de prisão da mulher e da filha

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Quando a situação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ingressou na seara do perigo por conta dos desdobramentos explosivos da Operação Lava-Jato, o UCHO.INFO afirmou que um dos principais motivos para viabilizar sua renúncia seria a possibilidade de a mulher, Cláudia Cordeiro Cruz, e uma de suas filhas, Danielle Dytz da Cunha Doctorovich, serem presas. Cláudia e Danielle são investigadas pela força-tarefa da Lava-Jato por terem os respectivos nomes vinculados às contas bancárias internacionais que receberam dinheiro do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da História.

Considerando que Eduardo Cunha tem direito a foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado, as investigações correm sob a responsabilidade do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR), benefício até agora estendido a Cláudia e Danielle.

Em mais uma manobra na direção de Cunha, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou ao STF que o caso relativo à esposa e à filha do parlamentar seja remetido ao juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos decorrentes da Lava-Jato.


A decisão final sobre essa eventual transferência do caso depende de decisão do STF, mais precisamente do ministro-relator Teori Zavascki, mas a chance de isso acontecer é pequena, apesar de ser lógica em termos jurídicos.

O pedido de Janot é mais uma pressão a ser exercida sobre Eduardo Cunha, que na condição de presidente da Câmara dos Deputados transformou-se em principal adversário do Palácio do Planalto. No caso de o STF deferir o pedido do procurador-geral, a situação de Cunha piorará sobremaneira. Mesmo assim, o UCHO.INFO continua apostando que a melhor saída para o parlamentar fluminense ainda é licenciar-se do mandato, situação prevista no Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

Contudo, continua causando enorme estranheza o fato de Eduardo Cunha ser o primeiro político a ganhar o status de réu na Operação Lava-Jato. Outros parlamentares, a maioria integrante da chamada base aliada do governo, continuam sendo investigados na operação, sem que as respectivas denúncias tenham sido deferidas pelo Supremo. É o caso do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, e da senadora Gleisi Helena Hoffmann, acusada por delatores de ter recebido R$ 1 milhão em propina do Petrolão e alvo da Operação Pixuleco II (18ª fase da Lava-Jato).

Em tese a Justiça deveria ser isonômica nesse escandaloso caso de corrupção, assim como em outros tantos que derretem o País, mas a decisão de colocar Eduardo Cunha como porta-estandarte do Petrolão é no mínimo estranha. É verdade que alguém haveria de puxar a fila dos políticos envolvidos no imbróglio, mas colocar apenas um político, por enquanto, na fila da degola exala o olor da missa encomendada.

Não se trata de defender Eduardo Cunha, o qual não merece defesa no caso em questão, mas é preciso cobrar isonomia no trâmite das investigações da Lava-Jato, pois o maior culpado por esse escândalo de corrupção, o governo, continua impune.

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