“Panama Papers”: mais de 11 milhões de documentos revelam maior esquema de corrupção da história

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No domingo (3), o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ na versão inglesa) publicou o maior vazamento sobre corrupção da história, baseado em 11,5 milhões de arquivos secretos obtidos a partir de um escritório de advocacia no Panamá.

Durante um ano, a rede investigou um esquema global de ocultação de patrimônio e dinheiro por parte de líderes mundiais, chefes de Estado e pessoas famosas.

Reunidos como “Panama Papers”, os documentos expõem as participações no exterior em esquemas montados em paraísos fiscais de 12 líderes mundiais atuais e passados, além de dados sobre as atividades financeiras de outros 128 políticos e funcionários públicos de diferentes países.

As informações contidas no vazamento contemplam as atividades da empresa Mossack Fonseca de 1970 e até 2016. Elas formam um vazamento maciço superior ao total combinado de outros escândalos mundiais como o Wikileaks, Offshore Leaks, assim como aos documentos de serviços secretos fornecidos a jornalistas por Edward Snowden em 2013.

Um dos principais poderosos envolvidos no escândalo é o presidente russo Vladimir Putin. De acordo com o “The Guardian”, apesar de o presidente russo não aparecer em nenhum dos registros, as investigações revelam que seus amigos Yuri Kovalchuk e Sergei Roldugin ganharam milhões em negócios, que aparentemente não poderiam ter sido efetuados sem o seu patrocínio. Seus associados secretamente ocultaram até US$ 2 bilhões no exterior por meio de bancos e companhias fantasmas, tornando-se “fabulosamente ricos”.


Além de Putin, a lista contempla outras figuras políticas e famosos, como Xi Jinping, presidente da China; Petro Poroshenko, presidente ucraniano; Sigmundur Gunnlaugsson, primeiro-ministro islandês; os reis Mohammed VI e Salman, de Marrocos e Arábia Saudita, respectivamente; o pai do primeiro-ministro britânico, David Cameron, vários altos membros da FIFA; Lionel Messi e o seu pai e o astro de comédias de ação Jackie Chan.

No Brasil, o UOL, o jornal “O Estado de S.Paulo” e a Rede TV!, que participam da rede global de jornalistas, revelaram no domingo as primeiras informações sobre esta fuga fiscal gigante e também a relação com os escândalos de corrupção que são investigados no País.

A Mossack Fonseca já estava no radar da operação Lava Jato em janeiro de 2016, quando se suspeitava que a firma teria ajudado a ocultar o nome dos verdadeiros proprietários de um apartamento triplex no Guarujá, em São Paulo.

As descobertas mais recentes apontam que as conexões vão muito além do possível caso do imóvel. A Mossack Fonseca criou ao menos 107 offshores para pelo menos 57 pessoas ou empresas implicadas no escândalo da Petrobras. Entre os nomes citados direta ou indiretamente estão os de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e João Lyra (PTB-AL).

Os documentos expõem as participações no exterior em esquemas montados em paraísos fiscais de 12 líderes mundiais atuais e passados.

Conforme o “The Guardian”, trata-se de um “pandemônio offshore”. Segundo o jornal britânico, os documentos mostram “o enorme número de pessoas que usam offshores para proteger as suas fortunas” e representam “vantagens financeiras que estas estruturas disponibilizam e não estão habitualmente ao dispor dos contribuintes normais”.

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