Estados Unidos e Alemanha negam que Dilma Rousseff foi vítima de golpe de Estado

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Representantes dos Estados Unidos e da Alemanha manifestaram-se na quarta-feira (18) sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, afastada temporariamente do cargo pelo Senado, afirmando que não houve um golpe de Estado no Brasil.

“Não acreditamos que seja um golpe de Estado brando ou de outro tipo. O que ocorreu no Brasil foi feito seguindo um processo legal constitucional e respeitando completamente a democracia”, disse à agência de notícias Efe o representante interino dos EUA na Organização dos Estados Americanos (OEA), Michael Fitzpatrick.

No conselho permanente da instituição, o diplomata norte-americano foi o único a rechaçar abertamente o entendimento de que o processo de destituição de Dilma, afastada da Presidência da República por até 180 dias, seja um golpe de Estado, como defenderam os representantes da Bolívia, Nicarágua e Venezuela.

Fitzpatrick sustentou que, agora, o foco da OEA é a Venezuela. “No Brasil há um claro respeito às instituições democráticas, há uma clara separação de poderes, rege o Estado de Direito e há uma solução pacífica para as disputas. Nada disso parece ser o caso na Venezuela hoje, e essa é a preocupação”, declarou o diplomata.

O embaixador brasileiro na OEA, José Luiz Machado e Costa, defendeu que foi seguido “o devido processo legal estabelecido” pela Constituição e assegurou que “os direitos sociais e as conquistas da sociedade brasileira estão plenamente garantidos”.


“Brasil superará a crise”

Em Berlim, também na quarta-feira, a crise política no Brasil foi tema da coletiva de imprensa diária do governo alemão. Ao ser questionado por um repórter se houve um golpe de Estado no Brasil, Martin Schäfer, porta-voz do Ministério do Exterior alemão, afirmou que não e acrescentou que o governo não se deixa levar por “jogos de palavra e formulações simples desse tipo”.

Ele reiterou que tudo ocorreu de forma constitucional e afirmou que, após o ex-vice-presidente Michel Temer assumir a Presidência interina, tudo precisa continuar caminhando de acordo com a Constituição, destacando que o processo de impeachment ainda não foi concluído.

“O que se pode dizer é que é lamentável ver que um país tão grande e forte, que ainda tem um importante evento diante de si neste ano, os Jogos Olímpicos no Rio, passe por um período política e economicamente difícil”, declarou o porta-voz. “Temos certeza de que um país forte, uma democracia como o Brasil, conseguirá superar essa crise.”

Questionados sobre a suposta colaboração de Temer com a CIA, os porta-vozes disseram que o governo alemão continuará cooperando normalmente com o governo brasileiro.

Steffen Seibert, porta-voz da chanceler Angela Merkel, destacou que Temer ocupará a Presidência interina por no máximo 180 dias ou até que acabe o processo de impeachment. Ele reiterou que o Brasil é um importante parceiro estratégico da Alemanha, “o mais importante da América Latina”, com o qual o país europeu mantém relações econômicas e políticas “muito próximas”.

“Mantemos relações diplomáticas com o Brasil e é claro que também vamos cooperar com esse governo [interino]”, concluiu Schäfer. (Com agências internacionais)